HELÂNIA CUNHA DE SOUSA CARDOSO A POESIA ... - Educadores
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desenrola,<br />
aranha; como o mais extremo<br />
desse fio frágil,que se rompe<br />
ao peso, sempre, das mãos<br />
enormes.<br />
(MELO NETO, 1986, p.330)<br />
A forma do poeta não seria encontrada no isolamento das palavras do texto e nem<br />
em impressões subjetivas ou juízos superficiais, mas na apreensão lenta de cada imagem,<br />
respeitando o “fio frágil” dos significados que se rompem a cada manejo técnico da leitura.<br />
Depois dessa apreensão, viriam as análises, as classificações e as projeções propriamente<br />
ditas. Pressupõe, portanto, o que Merleau-Ponty chama de “atitude natural do eu inocente,<br />
ingênuo” (1975, p.434), atitude prévia à reflexão, despojada de predicados, juízos e<br />
proposições.<br />
Ao final desse capítulo, podemos inferir que o sentido de modernidade proposto<br />
pelo poeta em estudo sinaliza para a necessidade de se pesquisarem meios expressivos<br />
pertencentes não só aos sistemas verbais, mas também aos modos de comunicação visual,<br />
já que na modernidade prevalecem os meios de expressão visual e a pesquisa do poeta não<br />
pode perder de vista a comunicação com o seu leitor. Tendo em vista o leitor, vale a<br />
utilização de outros subgêneros textuais, tais como a anedota, canções populares, poesia<br />
satírica, poesia narrativa etc., os quais têm uma função social. Além do mais, há que se<br />
considerar também a estrutura da imagem, do verso da palavra, na notação da frase.<br />
Não temos dúvida de que os ensaios citados condenam um tipo de lirismo intimista<br />
e individualista, provocador de um abismo entre poesia e leitor. Mostram a necessidade do<br />
poeta considerar os aspectos da vida moderna, a fim de que se possa diminuir esse<br />
abismo.Poesia e leitor, nesse sentido, adquirem vida, movimento, provocados pelo trabalho<br />
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