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HELÂNIA CUNHA DE SOUSA CARDOSO A POESIA ... - Educadores

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preocupado com os caminhos da poesia no Brasil, no início dos anos 50, o poeta<br />

pernambucano publica quatro artigos sobre os poetas da geração de 45. 29 Contemporâneo<br />

dessa geração, João Cabral foi um poeta dissonante, por estar mais afinado com as estéticas<br />

construtivistas da vanguarda internacional 30 e por ter recuperado a matéria prosaica e a<br />

prosificação do verso proposta pela tradição de 22, no sentido de “assegurar uma dicção<br />

corrente e precisa”, como lembra Benedito Nunes (1971, p.30). Ainda em relação aos<br />

poetas de 45, Nunes observa que “Bem outra será a posição de João Cabral, que oporá o<br />

princípio da clareza ao de pureza e o controle reflexivo da elaboração poética à sondagem e<br />

ao aprofundamento das vivências”(NUNES, 1971, p.31)<br />

Ainda tratando de teorias que pressupõem o tipo de arte exigida pela modernidade,<br />

destacamos o nome de Italo Calvino (1990), o qual apresenta “seis propostas para o<br />

próximo milênio”: leveza, rapidez, exatidão, multiplicidade, visibilidade e consistência. A<br />

visibilidade é a proposta que nos interessa, por duas razões: primeiro porque Calvino<br />

reconhece a prioridade da imagem visual, no momento de formar o imaginário, numa época<br />

em que a literatura já não mais se refere a uma autoridade ou tradição que seria sua origem<br />

ou seu fim, mas visa à novidade, à originalidade, à invenção. A segunda razão é porque<br />

acreditamos que o termo visibilidade aproxima-se do conceito de visualização, proposto<br />

por Luiz Costa Lima (1968) em relação ao projeto de João Cabral, como sendo “uma forma<br />

de criação poética, que implica na relação dialética entre percepção e imaginação.”<br />

(SOARES, 1978, p.46), conforme mostraremos no segundo capítulo de nossa tese.<br />

29 Referimo-nos aos quatro artigos sobre a Geração de 45, publicados no Diário Carioca, em 1952.<br />

30 João Cabral sempre fez questão de afirmar que não pertencia à Geração de 45, pois, no momento em que<br />

essa geração consegue se projetar no cenário artístico brasileiro, ele já estava na Espanha, como vice-cônsul,<br />

desde 1947: “No Brasil, nunca participei de política literária nenhuma. Sou da Geração de 45 porque todos os<br />

que se consideram assim são meus contemporâneos.”(MELO NETO, 1969)<br />

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