HELÂNIA CUNHA DE SOUSA CARDOSO A POESIA ... - Educadores
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(PIZZO, 1997, p.03)<br />
Já para o citado crítico Herbert Read (1991, p.93), Picasso é um artista de muitas<br />
faces. No entanto, fundamentado nos estudos de E. M. Zervos, o crítico postula que a<br />
principal marca do estilo do pintor é a subjetividade, pois seus métodos são dominados<br />
pela angústia. Este sentimento é o que “o capacita a derrubar todas as suas barreiras,<br />
deixando o campo do possível livre para ele e abrindo-lhe perspectivas.” (ZERVOS, apud<br />
READ, 1991, p.93)<br />
Devemos ressaltar também que os estudos sobre as origens da pintura de Picasso<br />
que apontam para a influência da escultura negra sinalizam para a plasticidade das figuras,<br />
surgida em conseqüência da decomposição dinâmica em planos, marcados por traços rudes,<br />
que envolvem os personagens e criam uma nova organização espacial.<br />
Portanto, a visualidade da obra do pintor seria condicionada pela arte negra. É o<br />
momento em que o pintor concebia a forma cubista “em termos escultóricos” (GOLDING,<br />
2000, p.41), ou seja, no seu período “negróide”, Picasso dizia que a figura era facilmente<br />
compreendida em termos esculturais.<br />
Para Apollinaire (PIZZO,1997, p.05), “Picasso estuda um objeto como um cirurgião<br />
disseca um cadáver”, isto é, o pintor analisa a realidade, inicialmente, a partir de seus<br />
aspectos formais, como se fosse um corpo estático. No momento seguinte, descoberta a sua<br />
estrutura interna, depois de apreendida em relação aos seus fenômenos múltiplos, tal<br />
realidade seria representada como um conjunto orgânico de diversos elementos.<br />
Esse olhar cirúrgico e escultural de Picasso nos remete a Francis Ponge, a quem<br />
Cabral também dedica alguns de seus versos 63 :<br />
Francis Ponge, outro cirurgião,<br />
63 Trata-se de parte do poema “O sim contra o sim”, do livro Serial (1959-1961).<br />
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