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HELÂNIA CUNHA DE SOUSA CARDOSO A POESIA ... - Educadores

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Há o uso da primeira pessoa em todos eles; o encadeamento de imagens do<br />

mundo real e do mundo surreal: “Eu penso o poema/ da face sonhada,/ metade de flor/<br />

metade apagada” (MELO NETO,1986, p.378); a oposição dia/noite; a narratividade do<br />

discurso, enfim, são predominantemente textos figurativos.<br />

Já os poemas “Canção” e “Marinha” 44 retomam o estado de estaticidade do eu-lírico<br />

pelo fato de a corporificação das figuras ser estabelecida pelo pensamento, pela<br />

imaginação, ou pelo sonho:<br />

Canção<br />

Demorada demoradamente<br />

nenhuma voz me falou.<br />

Eu vi o espectro do rei<br />

não sei em que porta ele entrou.<br />

Meus sofrimentos cumpridos<br />

que o sono os arrebatou?<br />

Mas por detrás da cortina<br />

que gesto meu se apagou?<br />

(MELO NETO, 1986, p.380)<br />

Outro aspecto que devemos ressaltar, nesses poemas, é o uso da interrogação. De acordo com<br />

Antônio Carlos Secchin (1999, p.21), o uso explícito da interrogação surge seis vezes em Pedra do<br />

sono. Apesar de usadas, na maioria das vezes, associadas “ao clima de mistério e transcendência”,<br />

como observa o crítico citado, tal recurso não deixa de conferir ao discurso um tom reflexivo e<br />

questionador:<br />

44 Conferir anexo 02.<br />

Os homens e as mulheres<br />

adormecidos na praia<br />

que nuvens procuram<br />

agarrar?<br />

(MELO NETO, 1986, p.380)<br />

74

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