HELÂNIA CUNHA DE SOUSA CARDOSO A POESIA ... - Educadores
HELÂNIA CUNHA DE SOUSA CARDOSO A POESIA ... - Educadores
HELÂNIA CUNHA DE SOUSA CARDOSO A POESIA ... - Educadores
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
5.3.2.ENTRE RECIFE E SEVILHA: MO<strong>DE</strong>RNIDA<strong>DE</strong> E ESPAÇO URBANO EM<br />
JOÃO CABRAL <strong>DE</strong> MELO NETO<br />
Na modernidade, o ser humano está representado, de maneira exemplar, pelo<br />
habitante das grandes cidades, tornando-se, como nos lembra o professor Luis Alberto<br />
Brandão Santos (2006), “testemunha de um novo conjunto de referências concretas e<br />
simbólicas que vai se constituindo a partir da segunda metade do século XIX, e que tem em<br />
Baudelaire seu primeiro grande cronista.”<br />
Esse ser vive na cidade, espaço marcado pela geografia da confusão dos circuitos<br />
congestionados que impede o diálogo. A cidade é considerada o espaço por excelência da<br />
arte do conflito, arte que reflete o "clima" de um mundo em constante ebulição e evolução,<br />
arte que busca o tensionamento das matérias, arte que "desequilibra" e imprime um novo<br />
ritmo, dinâmico e veloz às formas plásticas, sonoras e gráficas.<br />
O que pretendemos mostrar nesta relação entre modernidade, espaço urbano e João<br />
Cabral de Melo Neto é como o poeta tece imagens da cidade.Estariam marcadas pela tensão<br />
entre o ser humano e o meio onde vive? Partimos de uma das linhas mestras da poética<br />
cabralina na construção de suas imagens urbanas: o fascínio por uma linguagem visual,<br />
plástica, “que se dirige à inteligência através dos sentidos.”(MELO NETO, 1989)<br />
Esse breve percurso poderá nos levar a perceber o desejo do poeta de ensinar que a<br />
comunicação poética não se dá unicamente por vias subjetivas, onde a experiência única do<br />
poeta encontra eco na vivência do leitor, considerado apenas como um consumidor do<br />
discurso poético. Já sabemos que para ele, o leitor é “contraparte essencial à atividade de<br />
criar literatura” (MELO NETO, 1998, p.67) Por isso o poeta está sempre preocupado em<br />
182