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HELÂNIA CUNHA DE SOUSA CARDOSO A POESIA ... - Educadores

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Como observou Barbosa em relação ao conjunto de poemas do livro em estudo, “a<br />

identificação entre paisagens e a figura que a habita é um momento no processo mais<br />

profundo de singularização da miséria através do qual o homem é percebido”(1975, p. 139)<br />

Desse modo, ao articular paisagens e pessoas, geografias e ofícios, João Cabral tenta<br />

apreender pela linguagem a forma e as condições da existência de cada pessoa e de cada<br />

lugar.<br />

A partir de então, nas obras seguintes, vão se confirmando nessa poética paralelos<br />

entre a realidade nordestina e a paisagem acidentada da Espanha e de seus habitantes<br />

ciganos etc. Assim acontece em Quaderna (1956-1959), dedicado a Murilo Mendes, em<br />

que o poeta opõe a mensagem e o discurso à imagem e plasticidade, conforme veremos no<br />

capítulo referente à música e à dança flamencas. Também em A educação pela pedra<br />

(1962-1965), livro escrito “na base da dualidade”, segundo João Cabral, há alusões a<br />

figuras humanas e à geografia nordestinas e espanholas.<br />

Já o livro Museu de tudo (1966-1974), de certa forma, difere dos textos citados<br />

anteriormente. A coleção de poemas apresentada, “compondo uma espécie de quadros, ou<br />

uma série de quadros”, como observa o crítico português Oscar Lopes 60 , aborda diferentes<br />

temas de diferentes culturas, dentre eles, a música da Andaluzia, pintores, escultores,<br />

escritores de várias nacionalidades, futebol etc. No entanto o mesmo procedimento de<br />

Paisagens com figuras é adotado pelo poeta no sentido de dar a ver essas figuras.Há o<br />

mesmo registro das impressões de um eu-lírico que recolhe paisagens, ofícios e pessoas,<br />

sendo que os atributos de uns cruzam-se com os dos outros.<br />

Em A escola das facas (1975-1980) e em outras obras que se seguem, embora o<br />

60 Numa entrevista a Mário Pontes, João Cabral concorda com a leitura desse crítico, declarando que se “trata<br />

de uma coleção de coisas reconstruídas e arrumadas conforme um plano de disposição.” (MELO NETO,<br />

1980)<br />

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