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HELÂNIA CUNHA DE SOUSA CARDOSO A POESIA ... - Educadores

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p.46).<br />

Para García-Bermejo o grau de singularidade alcançado pelo pintor espanhol está<br />

no seu “universo temático e simbólico, aliado à sua peculiar caligrafia pictórica” (1995,<br />

p.02). São traços inconfundíveis e pessoais, mas que não conferem ao pintor a<br />

marginalidade que distancia o artista de seu tempo, pelo contrário, a arte de Miró contribuiu<br />

muito para o desenvolvimento da arte do século XX.<br />

João Cabral, no final do estudo sobre a pintura de Miró, lembra que o pintor usa o<br />

adjetivo “vivo”, traço relevante para se entender o projeto de modernidade do catalão e que<br />

também está, constantemente, reiterado no discurso crítico e literário do poeta:<br />

Na conversa de Miró, uma palavra existe: vivo, a meu ver muito instrutiva. Vivo<br />

é o adjetivo que ele emprega, mais do que para julgar, para cortar qualquer<br />

incursão ao plano teórico, onde jamais se sente à vontade. Vivo parece valer ora<br />

como sinônimo de novo, ora de bom. Em todo caso, expressão de qualidade. Essa<br />

palavra a meu ver indica bem o que busca sua sensibilidade e, por ela, sua<br />

pintura. Essa sensação de vivo é o que existe de mais oposto à sensação de<br />

harmônico ou desse equilíbrio, diante do qual nossa sensibilidade não se sente<br />

ferida, mas adormecida.(MELO NETO, 1998, p.47)<br />

O conceito de “vivo”, explicitado na citação, revela a práxis artística de Miró.<br />

Segundo J. Punyet Miró & G. Lolivier-Rahola (1998) o pintor catalão dava vida a todas as<br />

coisas que o rodeavam. As referências ao animismo das coisas aparecem várias vezes nas<br />

entrevistas do pintor: “Para mi, un árbol no es un árbol (...) sino algo humano, alguien vivo.<br />

Un árbol es un personaje, sobre todo nuestros árboles, los algarrobos. Un personaje que<br />

habla, que tiene hojas. Inquietante incluso.” (1998, p.38)<br />

Nesse contexto, entendemos que o pintor pretendia com sua arte colorida e viva<br />

fazer a leitura metamórfica de uma realidade também metamórfica, na qual todos os objetos<br />

estão sujeitos a contínuas mutações. O resultado desse fazer é o esvaziamento da linguagem<br />

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