18.04.2013 Views

HELÂNIA CUNHA DE SOUSA CARDOSO A POESIA ... - Educadores

HELÂNIA CUNHA DE SOUSA CARDOSO A POESIA ... - Educadores

HELÂNIA CUNHA DE SOUSA CARDOSO A POESIA ... - Educadores

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

do pensamento da pedra,<br />

sem fuga, evaporação,<br />

febre, vertigem.<br />

Doce tranqüilidade<br />

do homem na praia:<br />

o calor evapora,<br />

a areia absorve,<br />

as águas dissolvem<br />

os líquidos da vida;<br />

e o vento dispersa<br />

os sonhos, e apaga<br />

a inaudível palavra<br />

futura, - apenas<br />

saída da boca,<br />

sorvida no silêncio.<br />

(MELO NETO, 1986, p.359)<br />

Do ponto de vista sintático, no texto, percebemos que a tranqüilidade do eu-lírico é<br />

reforçada pela repetição do verso “Doce tranqüilidade” e do paralelismo observado no uso<br />

constante de adjuntos adnominais do termo repetido. Também o ritmo binário sugere essa<br />

mesma paz e tranqüilidade que a semântica das palavras impõe ao texto.<br />

Também em Agrestes (1981-1985), na parte intitulada “Linguagens alheias”, através<br />

do poema “Debruçado sobre os cadernos de Paul Valéry”, João Cabral destaca os<br />

pressupostos teóricos do poeta-crítico francês:<br />

Quem que poderia a coragem<br />

de viver em frente da imagem<br />

do que faz, enquanto se faz,<br />

antes da forma, que a refaz?<br />

Assistir nosso pensamento<br />

a nossos olhos se fazendo,<br />

assistir ao sujo e ao difuso<br />

com que se faz, e é reto e é curvo.<br />

Só sei de alguém que tenha tido<br />

a coragem de se ter visto<br />

nesse momento em que só poucos<br />

41

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!