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HELÂNIA CUNHA DE SOUSA CARDOSO A POESIA ... - Educadores

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(1979), João Cabral observa que o poeta-crítico espanhol ajuda-o a definir o aspecto<br />

formal do poema:<br />

De fato, descobri Jorge Guillén em 1947, quando fui morar na Espanha. Tenho a<br />

impressão de que devo muito de minha obsessão pela simetria e do meu<br />

intelectualismo à poesia de Jorge Guillén, até a reunião de sua obra no livro<br />

Cântico [...] O curioso dessa influência é que há uma diferença essencial entre<br />

mim e Jorge Guillén. Sinto que ele é um poeta muito mais abstrato do que eu e<br />

que uma das chaves da compreensão de minha poesia decorra, talvez, da<br />

diferença que aprendi, na escola primária entre vocábulo concreto e vocábulo<br />

abstrato. Vocábulo concreto é aquele que você pode apreender por um dos<br />

sentidos; vocábulo abstrato é aquele que não pode ter essa apreensão. (MELO<br />

CHAMIE, 1979, p.39)<br />

João Alexandre Barbosa (1975, p.58) confirma a opinião do poeta brasileiro,<br />

observando que, ao explorar, nos três poemas anunciados pela epígrafe de Guillén, “o<br />

silêncio e a negação como possíveis metáforas para uma definição de sua poética”, João<br />

Cabral recorta do poeta espanhol o desejo de obter a clareza e o equilíbrio necessário ao ato<br />

da escrita, a qual também pretende alcançar a perfeição e a comunicação com o mundo,<br />

conforme propõem os últimos versos do texto de Guillén:<br />

Perfección! Se da fin<br />

A la ausencia del aire,<br />

De repente evidente.<br />

Pero la luz resbala<br />

Sin fin sobre los límites<br />

Oh perfección abierta!<br />

Horizonte, horizonte<br />

Trémulo, casi trémulo<br />

De su don inminente!<br />

Se sostiene en un hilo<br />

La frágil, la difícil<br />

Profundidad del mundo.<br />

Ya el espacio se comba<br />

Dócil, ágil, alegre<br />

Sobre esa espera, mía.<br />

(GUILLÉN, apud BARBOSA, 1975, p.59)<br />

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