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HELÂNIA CUNHA DE SOUSA CARDOSO A POESIA ... - Educadores

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como a principal característica dos textos, admitindo que esta poética caminha para a<br />

“esterilidade da forma pura”. 31<br />

A nosso ver, em se tratando de um fenômeno de índole estética, não podemos<br />

relacionar a recepção dessa poesia apenas a uma das conotações da palavra compreender,<br />

ou seja, “alcançar com a inteligência”. Nessa concepção, de acordo com o dicionário, o ato<br />

da compreensão é entendido como o ato de apreender com a mente um conteúdo racional,<br />

enquanto que a obra de arte que nos é apresentada exige um tipo de percepção que vai<br />

muito além disso.Portanto, em se tratando de poesia, temos que trabalhar o sentido de<br />

compreender enquanto “perceber ou alcançar as intenções ou o sentido de” (FERREIRA,<br />

1986, p.442) O significado conceitual de um produto literário é menos importante do que a<br />

sua capacidade de significar, como lembra José García López (1957).<br />

Por outro lado, lembramos que o racionalismo cartesiano, ao articular a arte com a<br />

realidade, aproxima-se do chamado realismo testemunhal, que marca várias gerações da<br />

literatura brasileira, de acordo com os estudos de Flora Sussekind (1984). Com o propósito<br />

de não confundirmos a racionalidade cabralina com realismo testemunhal, como sugere<br />

Costa Lima, na seqüência, evidenciamos os principais pressupostos teóricos dessa tradição<br />

estética.<br />

31 Lauro Escorel (1973) discorda das leituras que aplicam a fórmula “esterilidade da forma pura”, ao se<br />

referirem à fase construtiva da poesia cabralina: “Só um preconceito sociológico, de nenhuma validade,<br />

poderá falar de ‘esterilidade da forma poética pura’ , a propósito dos poemas da primeira fase do poeta<br />

pernambucano.” (1973, p.49) Escorel defende a tese de que toda palavra empregada por Cabral até Psicologia<br />

da composição é “psicologicamente significativa” e traduz “estados de consciência profundos e autênticos,<br />

tão objetivos na sua interioridade como os mais concretos objetos e paisagens de que mais tarde lançará mão<br />

para expressar-se.” (Ibidem) O crítico propõe uma abordagem psicológica da poesia de Cabral, à luz da<br />

psicologia junguiana e dos ensinamentos de Charles Mauron.<br />

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