HELÂNIA CUNHA DE SOUSA CARDOSO A POESIA ... - Educadores
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Já a palavra janela, na sua simbologia, remete “ao oriente, ao sul e ao ocidente, que<br />
são as três estações do Sol.(...) Enquanto abertura para o ar e para a luz, a janela simboliza<br />
receptividade.”(Ibidem, p.511). No poema, percebemos a alusão a diferentes situações<br />
humanas:<br />
Janelas<br />
Há um homem sonhando<br />
numa praia; um outro<br />
que nunca sabe as datas;<br />
há um homem fugindo<br />
de uma árvore; outro que perdeu<br />
seu barco ou seu chapéu;<br />
há um homem que é soldado;<br />
outro que faz de avião;<br />
outro que vai esquecendo<br />
sua hora seu mistério<br />
seu medo da palavra véu;<br />
e em forma de navio<br />
há ainda um que adormeceu.<br />
(MELO NETO, 1986, p.381)<br />
O paralelismo sintático dos verbos sinaliza para um estado comum de todos os homens<br />
apresentados: encontram-se desnorteados, perdidos, “sonhando”, “fugindo”, “esquecendo” de<br />
alguma coisa. Portanto, todos eles procuram a luz, por isso o poema recebe o título de “janelas”, ou<br />
seja, diante da necessidade de cada um há a possibilidade de visualizar a luz.<br />
Quanto aos poemas “O poeta”, “Homenagem a Picasso” e “A André Masson” 45 ,<br />
percebemos que o que está em discussão é o ato da escrita. No primeiro texto, o poeta ainda<br />
se debate entre o mundo onírico e a idéia do dia, prefigurada nas imagens surrealistas das<br />
“vozes sem cabeça”, do “telefone com asas”, das “nuvens” que povoam a “noite do poeta”,<br />
em oposição ao “relógio” que “marcava horas” e dos “olhos, vistos por fora”.(MELO<br />
NETO, 1986, p.383)<br />
45 Conferir anexo 02.<br />
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