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apresentações de trabalhos (completos/orais) - Universidade ...

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1º CPEQUI – 1º CONGRESSO PARANAENSE DE EDUCAÇÃO EM QUÍMICA.<br />

Estranho... Por quê?<br />

Maria Lúcia Corrêa Ricardo 1 (PG) *; Moisés Alves <strong>de</strong> Oliveira (PQ) 2<br />

Marllu793@gmail.com.<br />

1,2 Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Ensino <strong>de</strong> Ciências e Educação Matemática (PGECEM), Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong><br />

Londrina – UEL.<br />

Palavras Chave: i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, diferenças, <strong>de</strong>snaturalização.<br />

Introdução<br />

A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produzir esse “relato teórico”<br />

tem a ver com histórias havidas no interior do<br />

grupo <strong>de</strong> pesquisa em Estudos Culturais das<br />

Ciências da UEL. Nas reuniões que fazemos vem<br />

saltando aos olhos os (<strong>de</strong>s)/(re)arranjos<br />

<strong>de</strong>safiadores provocados nos participantes do<br />

grupo (Químicos, Físicos, Biólogos...) pelo contato<br />

com teorizações ditas pós-estruturalistas. De certa<br />

forma, isso provocou o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r<br />

melhor o problema do “lugar” em que estamos ou<br />

nos dirigimos como potente materializador das<br />

diferenças e dos estranhamentos. As teorizações<br />

culturais, por estarem sempre mal adaptadas,<br />

quase sempre transdisciplinares e por vezes<br />

contradisciplinares (HALL, 2006), nos <strong>de</strong>sloca<br />

daquilo que tomamos como não problemático e<br />

acabamos por nos ver, no grupo, quase sempre<br />

como estranhos viajantes, turistas culturais postos<br />

na posição <strong>de</strong> romper com a tranqüilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma<br />

natureza científica e/ou <strong>de</strong> uma alma in-umana. A<br />

confusão é séria na medida do quão não<br />

problemático são tomados esses lugares em cada<br />

participante do grupo.<br />

Assim, esse texto busca tratar do problema do<br />

estranhamento, <strong>de</strong> estranhar – em oposição à<br />

rigi<strong>de</strong>z das certezas - como forma <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r,<br />

pensar, dizer e viver.<br />

Teorização e Discussão<br />

Atribuímos sentido ao mundo e a nossas ações,<br />

através <strong>de</strong> interruptas práticas <strong>de</strong> significados<br />

pelos quais, i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s são negociadas. São<br />

estes significados que nos permitem interpretar<br />

todas as ações em nossa volta, constituindo nossa<br />

cultura e direcionando-nos ao entendimento <strong>de</strong> que<br />

toda ação social é também uma prática cultural.<br />

É nesta perspectiva que po<strong>de</strong>mos constatar<br />

como estas práticas culturais ganham ou não<br />

legitimida<strong>de</strong> e “normalida<strong>de</strong>” enquanto outras se<br />

apresentam “estranhas” ganhando a marginalida<strong>de</strong><br />

e como ao mesmo tempo ambas se hibridam<br />

produzindo novas i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s que estão sempre<br />

nas fronteiras, nunca se fixam. Mostrando que não<br />

existem i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s culturais, essenciais ou<br />

biologicamente <strong>de</strong>terminadas.<br />

Para Silva (2002, p.134), os Estudos Culturais<br />

„estão preocupados com questões que se situam<br />

na conexão entre cultura, significação, i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e<br />

po<strong>de</strong>r‟, não preten<strong>de</strong>ndo convencer. É “apenas”<br />

uma forma não caudatária <strong>de</strong> apresentar uma<br />

concepção <strong>de</strong> mundo (a condição pós-mo<strong>de</strong>rna)<br />

que cada vez menos po<strong>de</strong> ser negada. Contudo,<br />

ela causa estranheza, perturba uma suposta or<strong>de</strong>m<br />

vigente, presente em nossa outrora “bela e<br />

perfeita” socieda<strong>de</strong>, tacitamente funcional e<br />

<strong>de</strong>masiado “normal” construída através <strong>de</strong> práticas<br />

<strong>de</strong> significação fundadas nas perspectivas<br />

científico/iluministas da razão, aceitas como<br />

verda<strong>de</strong>iras.<br />

Para que sejamos apresentados a esta “nova<br />

concepção”, não é necessário que <strong>de</strong>scartemos o<br />

que já temos e sim percebermo-nos laborando em<br />

artefatos culturais, o resultado incluso <strong>de</strong> uma<br />

disputa cultural articulada nas relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r,<br />

ou seja, o efeito <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> construção<br />

cultural. As representações <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m dos<br />

significados produzidos em torno <strong>de</strong>las. (BAUMAN,<br />

1997).<br />

Os <strong>de</strong>safios que se põem às nossas<br />

percepções no grupo é o do olhar <strong>de</strong>sarmado, ou,<br />

como disse Foucault (1998, p. 13), o exercício <strong>de</strong><br />

“separar-se <strong>de</strong> si mesmo” como forma <strong>de</strong> perceber<br />

o belo e perfeito como estranho. Esse olhar<br />

estrangeiro produz a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> enxergar que<br />

o que é “estranho,” para os padrões estabelecidos<br />

possui sua particular beleza. Não raro nos<br />

flagramos surpresos ao ver que o estranho não é<br />

estranho, mas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da maneira como o<br />

percebemos e do lugar on<strong>de</strong> está posicionado, e o<br />

que antes era <strong>de</strong>marcado por diferentes níveis<br />

rigidamente intocáveis po<strong>de</strong> ser colocado em um<br />

sistema <strong>de</strong> relações que <strong>de</strong>limitam outros e<br />

diferentes olhares.<br />

Um fechamento<br />

Na perspectiva das teorizações culturais abrese<br />

a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> exercitar estranhamentos, <strong>de</strong><br />

sensibilizar-se, <strong>de</strong> ficar perplexo diante <strong>de</strong> saberes<br />

que pareciam não problemáticos, <strong>de</strong> resto,<br />

pareciam “naturais” e “verda<strong>de</strong>iros”. Mesmo que os<br />

sujeitos carreguem as marcas <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />

tida com natural, estão num permanente processo<br />

<strong>de</strong> mudança e <strong>de</strong>slocamentos. Esses po<strong>de</strong>m inferir<br />

a diferenças que são produzidas pelos saberes<br />

construídos e aceitos como verda<strong>de</strong>. Assim as<br />

diferenças do sujeito po<strong>de</strong>rão ser reconstruídas,<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo dos contextos em que serão<br />

acionadas e produzidas. Não <strong>de</strong> uma maneira<br />

melhor ou pior, apenas reconstruídas.<br />

____________________<br />

UEL – 10 A 13 DE AGOSTO DE 2009.

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