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Livro CI 2008

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Termodinâmica e Complexidade em Sistemas Biológicos<br />

cessou nossa capacidade de realizar trabalho. Assim, podemos encarar a entropia de um<br />

sistema como uma medida de sua capacidade de realizar trabalho.<br />

Munidos desses novos conceitos podemos ver que evolução temporal em física, está<br />

ligada à aproximação do equilíbrio térmico, ou seja, a incapacidade de realizar trabalho e,<br />

portanto, a eliminação de não-uniformidades nas variáveis macroscópicas que caracterizam<br />

o sistema. Porém, biologicamente falando, evolução está associada a aumento de<br />

complexidade, organização e especialização. Nas últimas décadas tem-se recorridos às<br />

teorias de auto-organização para explicar a dinâmica dos sistemas complexos. Essas<br />

teorias mostram que para um dado valor crítico de um parâmetro de ordem, valor esse que<br />

pode ser atingido devido às flutuações aleatórias internas ao sistema, amplificam-se<br />

interações entre partes que disparam um processo auto-organizante. Ou seja, o sistema<br />

será auto-organizante se for capaz de adquirir espontaneamente uma estrutura de natureza<br />

funcional, temporal e/ou espacial, demonstrada pelo surgimento de uma coerência de longo<br />

alcance entre as variáveis do sistema. Um exemplo de estruturas auto-organizantes são<br />

micelas, como a camada bi-lipídica da membrana celular e os lipossomos. Existem, então,<br />

sistemas capazes de operar de forma a não evoluírem da maneira como prevê a<br />

termodinâmica clássica, são sistemas regidos pela termodinâmica fora de equilíbrio, um<br />

ramo da ciência bastante desenvolvido por Ilya Prigogine. O fato é que as leis da<br />

termodinâmica garantem que a entropia total do universo está sempre aumentando e,<br />

portanto, utilizando todo o universo como o nosso sistema o mesmo tende a tornar-se<br />

homogêneo. Como então explicar a existência dessas “ilhas de ordem”? Um sistema só<br />

pode diminuir ou manter estável sua entropia às custas de aumentar a entropia do meio<br />

externo. Só conseguimos nos manter vivos graças a degradação dos alimentos que<br />

ingerimos, ou seja, nossa organização em detrimento do aumento de entropia do pé de<br />

alface, do boi, do refrigerante, que agora não passam de um aglomerado de moléculas.<br />

Conclusões:<br />

Apesar de superficial, essa pequena introdução ao mundo dos sistemas complexos<br />

mostrou a enorme aplicabilidade dessa teoria para o estudo dos sistemas biológicos que<br />

são, na sua maioria absoluta, sistemas regidos por dinâmicas não lineares. Durante a<br />

evolução temporal desses sistemas podemos passar por dinâmicas caóticas, sincronização,<br />

“edge of chaos”, ou seja, estudar esses sistemas com as técnicas aplicadas a sistemas<br />

lineares e, muitas vezes admitindo-os no equilíbrio (ou muito próximos deles) pode nos levar<br />

a conclusões nebulosas sobre o seu funcionamento. Cada vez mais estamos observando<br />

que a biologia não pode mais evoluir sem unir forças com outros ramos do conhecimento<br />

como matemática, física e engenharia o que pode, no futuro, culminar em teorias gerais da<br />

biologia.<br />

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