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Livro CI 2008

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V Curso de Inverno<br />

discriminam entre dois idiomas estrangeiros, ao passo que, curiosamente, bebês aos 2<br />

meses de idade não o fazem mais (Mehler & Christophe, 2000). Isso parece indicar haver<br />

um período ótimo para esta percepção, após o qual ela deixa de existir. Ainda assim,<br />

percebe-se que a facilidade em aprender uma outra língua (o chamado período crítico)<br />

continua até aproximadamente quando se inicia a puberdade (Stromsworld, 2000),<br />

caracterizando ao longo do desenvolvimento infantil algumas janelas de oportunidade -<br />

períodos em que a aquisição de habilidades específicas seriam favorecidas por fatores<br />

genéticos, hormonais e de plasticidade neural. Os primeiros estudos utilizando-se de<br />

indivíduos bilíngues demonstraram que adultos que haviam aprendido duas línguas<br />

simultaneamente na infância apresentaram uma região em comum para processamento de<br />

ambas as línguas, ao passo que aqueles adultos que haviam aprendido duas línguas em<br />

momentos distintos de sua vida apresentavam regiões corticais também distintas quando<br />

utilizando cada um dos idiomas (Figura 3):<br />

Outro importante estudo neste campo provou que não somente a idade, mas também o<br />

nível de proficiência (ou domínio) do idioma influi na representação cerebral. Estudos com<br />

fMRI encontraram maior densidade de massa cinzenta na região temporo-parietal esquerda<br />

do cérebro daquelas pessoas que haviam aprendido mais precocemente duas línguas e que<br />

possuíam maior grau de proficiência. (Mechelli et al, 2004). Isto equivale a dizer que quanto<br />

mais cedo alguém é exposto a um idioma estrangeiro, maior a quantidade de conexões<br />

entre neurônios naquela região cerebral específica envolvida no processamento daqueles<br />

idiomas.<br />

De fato, tomado de um ponto de vista neurobiológico, nascemos prontos para<br />

aprender qualquer idioma. Uma criança que nasce na Coréia vai aprender coreano tão bem<br />

quanto uma criança que aprende italiano por ter nascido na Itália, embora estas duas<br />

línguas possuam sotaques e alguns sons de vogais e consoantes próprios, diferentes entre<br />

elas. Nosso cérebro, nos primeiros anos da infância, não faz distinção entre japonês e<br />

inglês, português e alemão, ou quaisquer outras línguas entre si. É somente após alguns<br />

meses de vida que nosso sistema nervoso central começa a privilegiar os sons mais<br />

freqüentes ao nosso meio, e por consequência, a não mais reconhecer fonemas<br />

estrangeiros que não fazem parte do sistema de sons a que a criança está sendo exposta<br />

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