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Livro CI 2008

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V Curso de Inverno<br />

Figura 1 - Efeito gargalo: as bolas<br />

coloridas representam alelos de genes e o<br />

copo representa o isolamento reprodutivo. O<br />

gargalo limita drasticamente a variabilidade<br />

de alelos presentes na população isolada.<br />

O gargalo representa a drástica redução da variabilidade de alelos quando uma<br />

pequena população se isola. O isolamento não precisa ser necessariamente geográfico,<br />

mas precisa ser um isolamento reprodutivo (ou seja, impedimento do fluxo gênico). A deriva<br />

é um processo muito mais veloz que a seleção natural na especiação, e pode até mesmo<br />

fixar um alelo na população que é prejudicial para o sucesso reprodutivo dos indivíduos.<br />

Uma restrição evolutiva (“evolutionary constraint” em inglês) restringe os possíveis<br />

caminhos e modos de mudança evolutiva. Restrições podem ser agrupadas em duas<br />

categorias: filogenéticas e de arquitetura. A restrição filogenética refere-se à impossibilidade<br />

de origem/mudança de caracteres devido à dependência que os descendentes apresentam<br />

com seus ancestrais (inércia filogenética). Ao longo da evolução, certos caracteres/padrões<br />

originam-se e permanecem/mudam enquanto outros desaparecem para uma determinada<br />

espécie, ou seja, o caminho evolutivo vai sendo trilhado. Após certa distância não é mais<br />

possível realizar o caminho inverso e adquirir qualquer caracter/padrão. A inércia filogenética<br />

explica porque moluscos não voam e porque nenhum inseto é tão grande quanto um<br />

elefante.<br />

Restrições de desenvolvimento compõem uma subcategoria de restrição filogenética.<br />

Em organismos complexos, de alta integração das partes, estágios iniciais da ontogenia<br />

(embrião, por exemplo) são marcadamente refratários à mudança evolutiva. Isso se dá,<br />

presumivelmente, por conta de os processos de diferenciação dos órgãos e dos sistemas, e<br />

sua integração, constituírem um fenômeno delicado, muito suscetível a erros precoces que<br />

levam à morte. Como alterações que interferem no desenvolvimento geralmente levam à<br />

morte do indivíduo, a mudança não se perpetua nos descendentes. As mudanças que<br />

podem ocorrer ao longo do desenvolvimento são restritas.<br />

A segunda categoria de restrição evolutiva refere-se às restrições de arquitetura, que<br />

diferentemente das restrições filogenéticas, não são fruto da relação ancestral-descendente,<br />

mas sim provindas de propriedades da constituição e da estrutura dos organismos. Pode-se<br />

imaginá-la como uma restrição ‘interna’ aos organismos. Gould e Lewontin (1979)<br />

exemplificaram esse tipo de restrição com a própria arquitetura: se se desejasse construir<br />

uma estrutura na qual dois arcos são justapostos, uma conseqüência inevitável é o<br />

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