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Livro CI 2008

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Fisiologia do Comportamento<br />

Memória e Aprendizagem<br />

Rodrigo Pavão<br />

Laboratório de Neurociências e Comportamento<br />

rpavao@gmail.com<br />

A memória pode ser definida como a capacidade de um organismo alterar seu<br />

comportamento em decorrência de experiências prévias. Do ponto de vista fisiológico, essa<br />

capacidade é resultado de modificações na circuitaria neural em função da interação do<br />

indivíduo com o ambiente. Como já foi apresentado nos capítulos anteriores, o encéfalo<br />

humano é composto por bilhões de neurônios, cada neurônio se projeta para centenas de<br />

outros neurônios, e as regiões em que essas células se comunicam são denominadas<br />

sinapses. A Figura 1 (esquerda) mostra um botão terminal do neurônio pré-sináptico “A”<br />

sobrepondo-se ao corpo celular de um neurônio pós-sináptico; o primeiro é capaz de<br />

modular a atividade do segundo. A formação de novas memórias envolve mudanças nas<br />

sinapses existentes (como a do terminal “A“ com o neurônio pós-sináptico) ou a formação de<br />

novas sinapses (como a do terminal axonal “B” sobre o terminal “A” – ver Figura 1, direita);<br />

essas alterações levam à alteração e estabelecimento de circuitos neurais que representam<br />

as memórias arquivadas.<br />

Figura 1 – Sinapses axo-somática (esquerda) e axo-axônica (direita). A atividade do botão<br />

axonal “B” pode modular a liberação de neurotransmissores do botão terminal “A” (modificado de<br />

Carlson, 1998).<br />

Esse conhecimento atual resultou do trabalho de inúmeros personagens;<br />

destacaremos os principais em um breve histórico do estudo da memória. As primeiras<br />

indagações de que se têm notícia na história da humanidade sobre a natureza da memória<br />

foram formuladas pelos filósofos gregos e, posteriormente, reformuladas pelos pensadores<br />

iluministas. No entanto, o estudo experimental da memória teve início no século XIX, com o<br />

desenvolvimento do que hoje denominamos Psicologia Experimental. Hermann Ebbinghaus<br />

(1880) realizou uma série de estudos (avaliando sua própria memória) envolvendo a<br />

memorização de listas de sílabas sem sentido e a recordação das mesmas em diferentes<br />

períodos de tempo depois de sua apresentação. Suas principais observações são<br />

resumidas na Figura 2.<br />

Müller e Pilzecker (1900), inspirados pelos trabalhos de Ebbinghaus, realizaram testes<br />

que envolviam a apresentação de pares de sílabas que cuja lembrança deveria ocorrer após<br />

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