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Livro CI 2008

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V Curso de Inverno<br />

Rehidratação<br />

Outro importante aspecto das relações hídricas em anfíbios trata da tomada de água.<br />

Os anfíbios não bebem; o influxo de água no corpo desses animais se dá pela pele (Toledo<br />

e Jared, 1993b; Shoemaker et al. 1992). Em formas terrestres, a alta susceptibilidade à<br />

perda de água está associada à alta tolerância à desidratação, bem como à capacidade de<br />

rápida rehidratação por absorção quando o contato com umidade é estabelecido<br />

(Jorgensen, 1994). Em anuros terrestres, foi observado que a área pélvica da superfície<br />

abdominal é especializada para a tomada de água. McClanahan et al. (1969), ao analisar as<br />

taxas de tomada de água em segmentos da superfície corpórea de Bufo puntactus, uma<br />

espécie do sudoeste semi-árido dos EUA, concluíram que a tomada de água na área<br />

peitoral do abdômen é desprezível quando comparada à área pélvica. Adicionalmente,<br />

esses autores verificaram que a pele dorsal e cabeça têm pouca importância na tomada de<br />

água, de forma que a área pélvica, que corresponde à cerca de 10% da superfície corpórea<br />

nesses animais, responde por 70% das taxas de absorção de água. Nessa espécie, essa<br />

região é caracterizada por menor espessura e maior vascularização quando comparada a<br />

outras porções da pele (McClanahan et al. 1969). Em geral, o tegumento da porção<br />

abdominal das espécies terrestres é mais granuloso do que o de espécies aquáticas, o que<br />

presumidamente aumenta a superfície para absorção de água (Toledo e Jared, 1993).<br />

Todos os anfíbios testados até aqui absorvem água através da pele quando em meio<br />

aquático (Shoemaker et al. 1992), mas a tomada de água em substrato apenas úmido foi<br />

demonstrada para uma série de espécies (Claussen, 1973; Jorgensen, 1994; Packer, 1963).<br />

Packer (1963) postula que essa capacidade é ecologicamente relevante para muitas<br />

espécies, como as que ocorrem em ambientes de clima semi-árido, que nunca voltam à<br />

água após a metamorfose.<br />

Na Austrália, as taxas de reidratação de quatro espécies de Neobatrachus estão<br />

fortemente correlacionadas à quantidade de dias do ano em que chove nos seus locais de<br />

origem. Por outro lado, essa mesma relação não foi verificada para cinco espécies do<br />

gênero Heleiporus, que ocorrem ao longo do mesmo gradiente. Os autores verificaram,<br />

entretanto, que as espécies do segundo gênero se enterram profundamente no solo em<br />

busca das camadas mais úmidas, concluindo que, se há um padrão comportamental que<br />

suprime o risco de desidratação, a capacidade de absorção não terá de ser paralela ao grau<br />

de aridez do ambiente (Bentley et al. 1958).<br />

Excreção<br />

Entre os anfíbios, a excreção de nitrogênio se dá geralmente na forma de amônia e<br />

uréia, sendo ureotélicas as espécies mais terrestres (Shoemaker et al. 1972). A excreção de<br />

ácido úrico, característica de aves e répteis, exige um volume menor de água e,<br />

surpreendentemente, foi relatada para alguns sapos de ambientes semi-áridos. A<br />

capacidade de osmorregulação em situações de estresse hídrico é maior em espécies do<br />

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