01.03.2015 Views

Livro CI 2008

Livro CI 2008

Livro CI 2008

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

V Curso de Inverno<br />

acarretam na diminuição da taxa de dissipação do calor da superfície da Terra. Tal processo,<br />

conhecido pelo nome de efeito estufa, pode ser responsável, juntamente com o<br />

desmatamento, pela grande alteração climática que vem sendo registrada nos últimos anos<br />

(ver revisão em Primack & Rodrigues 2001).<br />

A mudança climática global e o aumento de concentrações de CO2 atmosférico têm o<br />

potencial de reestruturar radicalmente as comunidades biológicas, favorecendo aquelas<br />

espécies capazes de se adaptar às novas condições (Bazzaz & Fajer 1992). Há uma grande<br />

evidência de que este processo de mudança já teria começado (Grabherr et al. 1994;<br />

Phillips & Gentry 1994), causando um aquecimento de cerca de 0,5 o C durante o século 20<br />

(Jones & Wigley 1990). Essas alterações afetarão principalmente as espécies de<br />

distribuição mais restritas e de pouca habilidade de dispersão. A elevação do nível do mar<br />

também acarretará em graves conseqüências as comunidades marinhas, principalmente<br />

para algumas espécies de corais que necessitam de uma determinada luminosidade,<br />

correntes marítimas e temperatura (Carey 2005).<br />

Além das intervenções químicas e físicas, as atividades humanas também têm<br />

acarretado em intervenções bióticas como, por exemplo, a introdução de espécies exóticas<br />

e novas patologias resultantes. Até hoje, um grande número de espécies já foram<br />

introduzidas, deliberadamente ou acidentalmente, em áreas onde não são nativas (Grove &<br />

Burdon 1986; Drake et al. 1989; Hedgpeth 1993). As espécies animais introduzidas podem<br />

alterar o hábitat, competir por recursos ou, até mesmo, se tornar predadoras das espécies<br />

nativas e levá-las a extinção. Já a proliferação de patologias e/ou surgimento de novas<br />

doenças podem ser resultantes da somatória das diversas alterações citadas anteriormente,<br />

uma vez que as comunidades estão mais vulneráveis, por exemplo, as superpopulações de<br />

determinadas espécies em fragmentos florestais favorecem altas taxas de transmissão de<br />

doenças (Primack & Rodrigues 2001; Navas & Otani 2007). Um exemplo é o surgimento da<br />

quitridiomicose em anfíbios, causada pelo fungo Batrachochytrium dendrobatidis. Este tem<br />

sido apontado como um dos principais responsáveis pelo declínio global de anfíbios e pode<br />

estar associada à mudança climática global (Navas & Otani 2007).<br />

Diante dessas adversidades, inclusive das que ainda não tomamos ciências, a<br />

melhor maneira de proteger e manejar as comunidades biológicas é entendendo suas<br />

relações biológicas com o ambiente e a sua situação atual. A partir de informações sobre a<br />

história natural das espécies, nós seremos aptos a manejar e conservar as espécies e<br />

identificar os fatores que colocam em risco sua existência e bem estar (Gilpin & Soulé 1986).<br />

A biologia da conservação surgiu de forma a complementar as diversas disciplinas<br />

aplicadas, de uma maneira mais teórica e geral para a proteção da diversidade biológica.<br />

Sendo uma ciência multidisciplinar que foi desenvolvida como resposta à grande<br />

degradação ambiental, a biologia da conservação tem como intuito entender os efeitos da<br />

atividade humana nas espécies, comunidades e ecossistemas, e desenvolver abordagens<br />

30

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!