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Livro CI 2008

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V Curso de Inverno<br />

Sensação e percepção<br />

André Maia Chagas e Renata Pereira Lima<br />

Laboratório de Neurociências e Comportamento<br />

andremaia.chagas@gmail.com renata.plim@gmail.com<br />

Se analisarmos os seres vivos, perceberemos que apresentam pelo menos algum tipo<br />

de sistema que os permite trocar informações com o ambiente que os circundam. Seja uma<br />

planta, que é capaz de sentir situações de estresse hídrico e fechar seus estômatos, seja<br />

uma bactéria que é capaz de sentir substâncias nocivas em seu meio e se afastar delas por<br />

movimentação ativa, ou ainda nos exemplos aos quais estamos mais acostumados, um<br />

beija flor que detecta flores em uma árvore e se aproxima da mesma em busca de alimento.<br />

Mas o que possibilita essas ações? Utilizando o olhar científico, veremos que elas são<br />

possibilitadas pela existência de estímulos físicos e químicos que chegam a todo tempo nos<br />

seres vivos, que são captados por células especializadas capazes de transformar esses<br />

estímulos em unidades de informação que possam ser utilizadas pelo organismo em<br />

questão.<br />

Como o objetivo desse módulo é de mostrar aspectos gerais do funcionamento do<br />

sistema nervoso, limitaremos a discussão a animais que são dotados desse sistema.<br />

Nesses animais, as células receptoras recebem os estímulos ambientais e os transformam<br />

em estímulos elétricos, processo chamado transdução, que por sua vez são utilizados pelas<br />

próximas células para a transmissão da informação ao longo do sistema nervoso. Essa<br />

transformação dos estímulos ambientais é classificada pela neurociência como sensação e<br />

é diferente entre as espécies, já que diferentes espécies possuem células receptoras<br />

diferentes e sistemas nervosos com diferentes capacidades de processamento; o que faz<br />

com que diferentes espécies experimentem o mundo de maneiras diferentes. Um som de<br />

30.000 Hz que é inaudível para nós (somos capazes de perceber sons na faixa entre 20 e<br />

20.000 Hz) é perfeitamente detectável por um morcego, um gato, um cachorro ou um rato,<br />

por exemplo. Além das diferenças interespecíficas, também existem diferenças de sensação<br />

intraespecíficas. Uma substância que é detectada como amarga por alguns indivíduos, é<br />

considerada insípida por outros, e aqui podemos até supor um método de seleção e<br />

evolução para os sistemas sensoriais, já que indivíduos que pudessem perceber a presença<br />

de uma substância nociva em algum alimento poderiam ter mais chances de sobreviver num<br />

ambiente onde tal característica apresenta-se necessária. As sensações podem ser<br />

percebidas de formas diferentes ao longo da vida de um mesmo indivíduo, uma vez que a<br />

percepção implica numa interpretação da sensação. Em outras palavras, a história de<br />

experiências prévias de um indivíduo pode gerar diferenças fisiológicas nos mecanismos<br />

que levam à interpretação de uma sensação, levando a percepções distintas. Ademais,<br />

níveis de consciência, estados emocionais e estados psicológicos são capazes de interferir<br />

na percepção de determinada sensação.<br />

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