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Livro CI 2008

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Fisiologia, Conservação e Meio Ambiente<br />

As vastas categorias químicas dos poluentes aquáticos se expressam de maneiras<br />

diferentes dependendo do tipo de ambiente (dulcícola, marinho, estuarino), e além disso, os<br />

efluentes aquáticos contêm mais de um contaminante, que pode resultar em interações<br />

toxicológicas com possíveis efeitos sinérgicos, antagônicos, de potenciação ou de adição<br />

(Mozeto & Zagato 2006).<br />

O exato modelo de ação de todos os disruptores endócrinos não é bem<br />

compreendido, mas sabe-se que esses componentes podem alterar as funções hormonais<br />

em diferentes níveis:<br />

1) Mimetizando total ou parcialmente os hormônios naturais pela ligação aos receptores ou<br />

influenciando padrões de sinalização celular.<br />

2) Bloqueando, impedindo e alterando a ligação dos hormônios em seus receptores ou<br />

influenciando padrões de sinalização celular.<br />

3) Alterando a produção e a quebra de hormônios naturais.<br />

4) Modificando a produção e função de receptores hormonais.<br />

Os disruptores endócrinos são no mínimo parcialmente responsáveis por disfunções<br />

reprodutivas e desenvolvimento das populações selvagens, e ambos vertebrados e<br />

invertebrados são suscetíveis à ação dos disruptores endócrinos. Em peixes, esses incluem<br />

mudanças hormonais (esteróides e hormônios da tireóide), desenvolvimento gonadal<br />

anormal, baixa viabilidade dos gametas, alterações em algumas atividades enzimáticas<br />

(aromatase) e concentrações de proteínas (vitelogenina, proteínas da zona radiata).<br />

Disrupções na reprodução de peixes podem ser ocasionadas pelo estrógeno<br />

ambiental por promover uma grande síntese de receptores de estrógenos (ER). O gene para<br />

a produção de ER está presente nos machos, mas geralmente não são estimulados devido<br />

à quase completa ausência do estradiol endógeno. A síntese de ambas as moléculas como<br />

a vitelogenina e proteína da zona radiata, exclusivas em fêmeas na fase reprodutiva, foram<br />

detectadas em machos expostos aos xenoestrógenos, assim como também foi notada uma<br />

redução no crescimento testicular. Essas substâncias não têm função em machos, e as<br />

conseqüências diretas da síntese de vitelogenina e proteína da zona radiata podem<br />

promover redução de cálcio na escama e esqueleto, hipertrofia do fígado e dano no rim<br />

(Goksǿyr et al. 2003). Eles também representam uma substancial perda de energia para os<br />

peixes machos, afetando o desempenho reprodutivo. Em fêmeas, o efeito da exposição aos<br />

xenoestrógenos pode ser menos sério, embora haja relatos de maturação prematura em<br />

linguados (Solea solea), que pode ter ocorrido em decorrência da exposição ao estrógeno<br />

com a produção inapropriada de gonadotropinas, causando desenvolvimento precoce do<br />

ovário (Goksǿyr et al. 2003).<br />

Estrógenos e seus análogos sintéticos são capazes de agir como agonistas<br />

completos dos ER, e essas substâncias podem ser ainda mais potentes do que os<br />

hormônios naturais, mas o estrogênio ambiental contaminante é somente agonista parcial e<br />

são centenas a dez mil vezes menos potente do que os hormônios naturais. Isso é devido<br />

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