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Livro CI 2008

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V Curso de Inverno<br />

Ajustes fisiológicos de anfíbios<br />

em ambientes com baixa disponibilidade de água<br />

Ivan Prates<br />

Laboratório de Ecofisiologia e Fisiologia Evolutiva<br />

ivanprates@gmail.com<br />

Os anfíbios e os gradientes de disponibilidade hídrica<br />

Ainda que grandemente modificados de seus ancestrais do Devoniano, os anfíbios<br />

modernos são muitas vezes considerados elementos de transição entre o modo de vida<br />

totalmente aquático e o terrestre (Claussen, 1973). Essa concepção suporta-se na grande<br />

importância da disponibilidade de água líquida para esses animais, expressa em diversos<br />

aspectos de sua biologia: a contribuição da respiração cutânea para muitas espécies, e o<br />

caráter associado do fluxo de gases respiratórios e de água; a presença, com poucas<br />

exceções, de uma fase larval aquática no ciclo de vida, bem como a necessidade do meio<br />

aquático para reprodução; a limitada capacidade de concentração da urina pelos rins; e o<br />

fato de que, em geral, a pele dos anfíbios não protege o corpo da perda de água por<br />

evaporação, sendo sua principal via de desidratação (Jorgensen, 1994; Pough et al. 1998;<br />

Shoemaker et al. 1992). A dependência da água, de qualquer forma, não impediu que os<br />

anfíbios invadissem muitos ambientes terrestres (Claussen, 1973). Nesse aspecto, é<br />

interessante que esses animais ocorram em ambientes que apresentam diferentes graus de<br />

disponibilidade hídrica, havendo inclusive formas bem sucedidas na colonização de<br />

ambientes de clima semi-árido (Duellman e Trueb, 1994). Na caatinga brasileira, por<br />

exemplo, os anuros estão representados por 40 espécies em cinco famílias (Rodrigues,<br />

2003), o que pode ser considerado exuberante para um ambiente de clima semi-árido<br />

(Navas et al. 2004). Para a ocupação bem sucedida de ambientes terrestres, os anfíbios<br />

desenvolveram diversos mecanismos de ordem fisiológica, morfológica e comportamental<br />

(Toledo e Jared, 1993).<br />

Pouca água...<br />

Paralelamente aos aspectos do comportamento, diferentes propriedades de caráter<br />

fisiológico estão envolvidas com a manutenção das relações hídricas em anfíbios. Dentre<br />

elas, as propriedades do tegumento são consideradas em uma parcela substancial dos<br />

estudos. As abordagens que estudam o papel da pele no balanço hídrico desses animais<br />

levam em conta a cinética do influxo e efluxo em diferentes condições e as características<br />

cutâneas que modulam as trocas de água com o ambiente (ver Shoemaker et al. 1992 e<br />

Toledo e Jared, 1993 para revisões).<br />

Desidratação<br />

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