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Livro CI 2008

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V Curso de Inverno<br />

teste de memória realizado 3 dias depois, esses peixes demoraram cerca de 3h para voltar<br />

à posição normal (Figura 5, curva vermelha). Ou seja, esses animais comportam-se como<br />

se nunca tivessem sido submetidos ao treinamento. Presentemente, as ependiminas são<br />

denominadas “moléculas de adesão celular” e estão diretamente relacionadas com o<br />

fortalecimento e formação de sinapses.<br />

Em conjunto, os resultados dos experimentos envolvendo choques eletro-convulsivos<br />

e síntese de proteínas sugerem que há dois processos envolvidos na manutenção da<br />

memória. Um deles, mais instável, é prejudicado pelo choque eletro-convulsivo, estando<br />

relacionado ao padrão de atividade eletrofisiológica dos neurônios (freqüência de disparos,<br />

por exemplo). O outro, associado com produção de proteínas, parece envolver alterações<br />

estruturais nas sinapses gerando circuitos alterados no sistema nervoso. Num certo sentido,<br />

esses dois tipos de processos parecem sobrepor-se aos descritos por James (1890).<br />

Resumindo, parece haver (1) uma Memória de Curta Duração, baseada na atividade<br />

elétrica dos neurônios e, assim, um tanto suscetível a interferências e (2) uma Memória de<br />

Longa Duração, representada por alterações estruturais dos neurônios, particularmente nas<br />

sinapses com outros neurônios, robusta e resistente a interferências.<br />

Onde esses traços de memória estão no sistema nervoso? Eles estariam localizados<br />

em áreas discretas ou estariam espalhadas pelo sistema nervoso? Este tipo de investigação<br />

ficou conhecida como “a busca pelo engrama (= traços de memória)”.<br />

Franz Gall, fundador da Frenologia, no século XIX, defendia que quando uma pessoa<br />

usa muito uma determinada região do cérebro, esta se hipertrofiaria (de modo similar a um<br />

músculo) e, assim, deformava a caixa craniana, gerando um “calombo”; por outro lado, se a<br />

região não fosse usada, ela atrofiaria, gerando uma “depressão”. Seguindo esta concepção,<br />

Gall investigava o formato da caixa craniana de pessoas inteligentes, engraçadas, egoístas,<br />

loucas etc. e propôs mapas sobre a localização das funções mentais (publicados em<br />

revistas especializadas como a American Phrenology Journal, http://www.phrenology.com/<br />

americanphrenology.html). Esta proposta gozou de grande reputação durante o século XIX,<br />

mas foi totalmente abandonada posteriormente.<br />

Figura 6 – Franz Gall e um mapa frenológico.<br />

Na década de 1920, Karl Lashley tentou localizar, em ratos, o engrama, ou seja, os<br />

traços da memória, responsáveis pelo aprendizado do percurso para se orientar num<br />

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