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Livro CI 2008

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Cronobiologia<br />

Assim como em peixes, a glândula pineal de anfíbios é frontal e fotossensível. No<br />

entanto, na fase adulta, esses animais possuem um conteúdo de melatonina maior na retina<br />

do que na glândula pineal, sugerindo que a retina seja a principal produtora dessa<br />

indolamina em anfíbios (Delgado & Vivien-Roels, 1989). Ainda são necessários novos<br />

estudos para determinar a origem de melatonina plasmática em anfíbios anuros.<br />

Um papel interessante que a melatonina pode desenvolver nesse grupo de animais<br />

está relacionado à metamorfose. A transformação do girino em adulto é um processo que<br />

pode ser afetado pela temperatura ambiental e pelo fotoperíodo e é induzido pelo aumento<br />

gradual dos hormônios da tireóide. Apesar de sabermos que a melatonina tem uma ação<br />

inibitória sobre a tireóide, os trabalhos que relacionam metamorfose e a indolamina são<br />

contraditórios. Alguns indicam que o tratamento com melatonina acelera o processo, outros<br />

que retarda, enquanto alguns citam que não há efeito algum (Wright, 2002). Estas<br />

inconsistências podem refletir diferentes metodologias e concentrações usadas pelos<br />

pesquisadores. A concentração de melatonina é crucial na determinação da resposta obtida.<br />

Répteis e Aves<br />

Existem evidências, tanto in vitro quanto in vivo, de que a glândula pineal de aves e<br />

répteis seja o próprio oscilador circadiano. Nesses animais, a glândula se localiza na porção<br />

frontal do encéfalo e é fotossensível. Quando a glândula é colocada em cultura<br />

isoladamente, ela mantém a produção de melatonina com um ritmo circadiano por vários<br />

ciclos (Tosini et al., 2001). Em cobras é possível que a luz influencie a glândula pineal<br />

indiretamente através da retina e do sistema nervoso simpático (Firth et al., 2006), dando<br />

subsídio à idéia de que nesses animais, a glândula pineal não seja um oscilador circadiano.<br />

Contudo, apesar disso, existem evidências de que a pineal faça parte de um sistema<br />

multioscilatório, assim como nos demais vertebrados não-mamíferos (Mendonça et al.,<br />

1996).<br />

Em lagartos, a retirada da glândula pineal leva à perda do ritmo circadiano de<br />

atividade locomotora e quando se faz injeção de melatonina em momentos certos, a<br />

atividade é ressincronizada. Esses dados indicam que, nesses organismos, o ritmo de<br />

melatonina pode estar diretamente relacionado à sincronização de outros ritmos circadianos<br />

(Underwood & Harless, 1985; Underwood, 1992).<br />

O ritmo de melatonina é perdido em lagartos da espécie Tiliqua rugosa expostos tanto<br />

ao escuro quanto ao claro constante e também a temperaturas constantes relativamente<br />

baixas (23-24 o C). Esses dados indicam que o ritmo de melatonina para essa espécie não é<br />

circadiano. Este resultado é tão surpreendente que o próprio autor justifica que talvez seu<br />

ensaio não tenha permitido detectar a expressão do ritmo de melatonina em livre-curso<br />

(Bruce et al., 2006).<br />

Em aves, a produção rítmica de melatonina está ligada à sincronização fisiológica e<br />

comportamental, como a reprodução, alimentação e migração. Muitos trabalhos sugerem<br />

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