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Livro CI 2008

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Cronobiologia<br />

como muitos alcalóides e, portanto, pode desempenhar o papel de sinalizadora para alguns<br />

herbívoros. Um exemplo é o de que doses farmacológicas de melatonina diminuem a<br />

fertilidade em Drosophila melanogaster (Finocchiaro et al., 1988). Desta forma, a planta se<br />

torna menos atraente para o inseto quando possui melatonina ou um precursor desta, como<br />

a triptamina. Curiosamente, uma grande concentração de melatonina tem sido encontrada<br />

em plantas medicinais usadas milenarmente (Tanacetum parthenium, Hypericum<br />

perforatum, Scutellaria baicalensis).<br />

Insetos<br />

Entre os insetos, a mosca da fruta é a mais estudada em relação a melatonina. A<br />

Drosophila melanogaster possui um padrão diferente em relação à maioria dos organismos<br />

estudados quanto à expressão rítmica de melatonina, ou seja, há uma maior liberação<br />

dessa indolamina na fase clara em relação à fase escura (Hintermann et al., 1996).<br />

A enzima chave no processo de biossíntese da melatonina em mamíferos é a AA-NAT,<br />

cuja expressão e atividade são maiores à noite. Já em D. melanogaster, foi clonada uma<br />

enzima que converte 5-HT em NAS, chamada de AA-NAT2. Esta possui uma atividade<br />

diurna predominante (Hintermann et al., 1996). Avaliando a seqüência dessas enzimas em<br />

um estudo de cladística se propôs que a biossíntese da melatonina em Drosophila, e<br />

possivelmente em outros artrópodes, tenha uma relação homoplástica (convergência) com a<br />

via encontrada em vertebrados (Cassone & Natesan, 1997). Isso quer dizer que a via de<br />

biossíntese da melatonina deve ter surgido mais de uma vez na escala evolutiva.<br />

Na Drosophila, a AANAT2 é expressa em todo o sistema nervoso e intestino sendo<br />

importante para a neurotransmissão, esclerotização da cutícula e talvez para o ritmo de<br />

expressão da melatonina, regulando fenômenos fotoperiódicos (Hintermann et al., 1996).<br />

Não se sabe ao certo qual o real papel da melatonina nessa mosca, mas o estudo de<br />

Bonilla e colaboradores (2002) indica que a ingestão de melatonina adicionada ao meio<br />

nutritivo de larvas prolongam a longevidade e aumentam a resistência a mudanças na<br />

temperatura ambiental e ao estresse oxidativo provocado por paraquato (substância tóxica,<br />

cáustica e irritante usada como herbicida).<br />

A grande maioria dos trabalhos com melatonina em invertebrados se restringe à<br />

Drosophila por ser esta o modelo biológico desse grupo de animais. Porém, melatonina já foi<br />

estudada em outros insetos como abelhas, baratas, moscas, gafanhotos, entre outros. Em<br />

grande parte desses insetos, foi demonstrado que a concentração de melatonina varia<br />

ritmicamente com um pico que coincide com a fase noturna e está envolvida com o controle<br />

circadiano do ritmo de eclosão (Meyer-Rochow & Vakkuri, 2002). Assim, a mosca da fruta<br />

parece ser uma exceção no mundo dos insetos.<br />

Peixes<br />

A glândula pineal de peixes é fotossensível e gera melatonina circulante de forma<br />

rítmica de acordo com um determinado fotoperíodo. A retina também produz melatonina sob<br />

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