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Livro CI 2008

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V Curso de Inverno<br />

Neste sentido, vários experimentos têm sido realizados, especialmente com<br />

chipanzés. Em um deles, tentou-se ensiná-los a aprender palavras em Inglês de elementos<br />

presentes em seu ambiente, e esperar que falassem ou ao menos entendessem o que lhes<br />

fora apresentado. Um dos resultados mais significativos deste experimento foi perceber que<br />

tais primatas possuem um sistema fonador diferenciado do nosso, o que limita<br />

enormemente a produção de nuances dos sons que podem ser emitidos pela espécie<br />

humana, e também que conseguiam compreender apenas 400 palavras aos 2,5 anos. Em<br />

outra tentativa de ensinar um chipanzé a comunicar-se, optou-se pela Linguagem de Sinais<br />

(ASL), e chegou-se à seguinte conclusão: até os 4 anos de idade, o chipanzé havia<br />

aprendido a sinalizar 160 palavras, e chegou até mesmo a produzir a composição “water<br />

bird” ao ver um cisne em um lago. Pois bem, comparando-se com crianças de nossa<br />

espécie, aos 4 anos de idade, elas já possuem um vocabulário de aproximadamente 3.000<br />

palavras. Além disso, não é possível saber com certeza se a produção de “water bird” por<br />

aquele chipanzé representava uma alegoria ao cisne ou se, simplesmente, eram duas<br />

mensagens separadas – uma indicando a água em si, e a outra indicando o cisne.<br />

De modo muito diferente, a espécie humana parece ter sido selecionada com esta<br />

característica inata à linguagem: atualmente, no planeta, contam-se 10.000 idiomas e<br />

dialetos dentre todos os povos da raça humana. Além disso, casos de indivíduos que<br />

cresceram em total isolamento com a sociedade relatam o desenvolvimento de formas<br />

próprias de comunicação. Por fim, há algumas características que diferem a comunicação<br />

humana daquela encontrada em qualquer outra espécie animal. São elas:<br />

•criatividade: a capacidade de gerar novas associações de palavras – ou até<br />

mesmo criar um novo dialeto;<br />

•forma: uso de fonemas e sílabas para compor palavras, e emprego de regras<br />

sintáticas bem definidas para compor sentenças, tudo isso sem a necessidade de<br />

intrução formal, mas da aprendizagem implícita – experienciada em nosso diadia;<br />

•conteúdo: não só as palavras, mas também gestos, expressões faciais e a<br />

entonação utilizadas carregam significado na comunicação humana.<br />

•uso: a língua serve o propósito de meio de comunicação social e também para<br />

identidade própria (expressa nossos pensamentos e emoções).<br />

Assim, podemos dizer que nossa forma de comunicação é única e complexa dentre<br />

os seres vivos de nosso planeta. Surgem também algumas questões, de discussão atual no<br />

meio científico: esta capacidade única do ser humano reflete algum ajuste fino do cérebro<br />

primata para o propósito específico da linguagem? Ou tal capacidade dever-se-ia ao<br />

desenvolvimento de uma arquitetura neural completamente nova? Para melhor nos ajudar<br />

na busca por respostas a estas perguntas, vamos agora olhar para dentro do centro da<br />

linguagem: o cérebro humano.<br />

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