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Livro CI 2008

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Fisiologia, Conservação e Meio Ambiente<br />

A sigla pH vem do latim “pondus hidrogenii”, significando peso do hidrogênio. A<br />

variação do pH (potencial hidrogênio iônico), definido como logaritmo decimal do inverso da<br />

concentração de íons livre de H + , comanda as inúmeras reações químicas das águas,<br />

caracterizando o grau de acidez ou de alcalinidade, ou seja, indicando as relações entre<br />

esses íons de H + com os íons de oxidrilos. Se houver equivalência entre eles, a água é<br />

caracterizada como neutra, mas se houver predominância de íons H + , é ácida e caso<br />

contrário, com o predomínio dos íons oxidrilos, a água é considerada alcalina.<br />

A variação de pH comanda reações químicas da água, caracterizando grau de acidez ou<br />

alcalinidade. Sabe-se que águas com pH inferior a 8.5 (não 7) contêm ácidos fracos e<br />

ácidos minerais fortes. Águas doces alternam-se com pH entre 4 e 8 e as estuarinas de 6 e<br />

8. O pH da água pura é 7 e varia no sentido contrário da temperatura (quanto maior a<br />

temperatura da água, menor pH). Os limites de pH para proteção da vida aquática variam<br />

entre 6 e 8, mas peixes e outros organismos aquáticos podem sobreviver a valores iguais ou<br />

menores que pH 5. Quando o pH se torna ácido, certas substâncias ou elementos metálicos<br />

tornam-se tóxicos, como o metilmercúrio, formado a partir do íon Hg e CH4, em pH restrito,<br />

entre 5 e 6, e logicamente na presença de certas matérias orgânicas.<br />

Por influir em diversos equilíbrios químicos que ocorrem naturalmente ou em<br />

processos unitários de tratamento de águas, o pH é um parâmetro importante em muitos<br />

estudos no campo do saneamento ambiental, já que possui efeito direto sobre o<br />

metabolismo e os processos fisiológicos de peixes e outros organismos aquáticos. A faixa<br />

de tolerância de pH para os peixes está compreendida entre 4 e 9, enquanto que o índice<br />

ideal é entre 6.5 e 8.0 (Wurts & Durborow 1992).<br />

Alterações no pH da água pode afetar o funcionamento branquial, o que prejudica o<br />

equilíbrio osmótico e a respiração. Valores extremos de pH prejudicam o crescimento e a<br />

reprodução dos animais, e até mesmo, podem causar mortalidade massiva dos sistemas<br />

aquáticos, principalmente nas fases iniciais de desenvolvimento (Kubitza 2003). Por outro<br />

lado, o pH também é importante porque afeta a toxicidade de vários poluentes comuns<br />

(como amônia) e metais pesados (como alumínio).<br />

Nas espécies nativas do Brasil pouco se sabe sobre a tolerância às variações na qualidade<br />

da água. O pacu, Piaractus mesopatamicus, encontrado na América do Sul, com<br />

distribuição entre a região Amazônica e bacia Paraná-Paraguai (Severi 1991) é uma espécie<br />

tolerante às variações nas características físico-químicas da água. Habita a bacia<br />

Amazônica e é encontrado em lagos e planícies aluviais que estão muitas vezes hipóxicos<br />

ou mesmo anóxicos. Estes ambientes também estão sujeitos a grandes variações no<br />

conteúdo de CO2/pH devido decomposição de consideráveis quantias de matéria orgânica<br />

em altas temperaturas (Rantin & Kalinin 1996). Segundo Florido (2002) tanto tambaqui<br />

(Colossoma macropomum) quanto o pacu apresentam adaptações morfo-fisiológicas para<br />

suportar águas ácidas, principalmente na época da seca.<br />

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