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Livro CI 2008

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V Curso de Inverno<br />

que situação havíamos assistido a tal filme. I.e., é papel do sistema visual codificar e<br />

“montar” tanto os objetos quanto seus limites com o ambiente, e cabe a percepção a ligação<br />

entre ver um rosto e reconhecê-lo como o rosto de um familiar, por exemplo. A visão<br />

processa tudo que está em frente aos olhos, porém é a percepção que seleciona quais<br />

estímulos serão tornados conscientes e colocados em primeiro plano para a integração com<br />

outras informações. Se você está assistindo a um televisor colocado ao lado de uma janela,<br />

o sistema visual processa o televisor, a imagem que ele transmite, a janela e tudo o que se<br />

passa fora dela, porém é pela percepção que as coisas que ocorrem na janela são<br />

ignoradas e passam desapercebidas.<br />

Agora que temos uma idéia geral sobre o sistema sensorial e a percepção, vejamos o<br />

substrato neurobiológico por trás dessas funções, tomando a visão como exemplo: A retina,<br />

localizada na parte posterior do globo ocular, possui dois tipos principais de fotorreceptores<br />

responsáveis pela transdução e processamento inicial da informação visual; os cones e os<br />

bastonetes. Eles possuem diferenças na sensibilidade a diferentes comprimentos de onda e<br />

na velocidade da resposta, sendo os bastonetes mais sensíveis a baixa intensidade<br />

luminosa e, assim, a movimento, e os cones (3 subtipos) sensíveis de maneira seletiva para<br />

determinada região do espectro de freqüências eletromagnéticas. Devido a esta<br />

sensibilidade seletiva, muitas vezes os cones são denominados cones para “vermelho”,<br />

“verde” e “azul”. Entretanto, parece mais apropriado o uso dos termos cone sensível a<br />

comprimentos de onda longos (vermelho), médios (verde) e curtos (azul), respectivamente,<br />

L, M e S (da sigla em inglês). É justamente essa sensibilidade a diferentes comprimentos de<br />

onda, exibida pelos cones, que permite a elaboração de um processamento neural que<br />

culminará com a percepção de cores, como será discutido mais adiante.<br />

A presença de receptores diferentes e especializados faz com que haja uma<br />

separação da informação assim que ela é captada na retina, a qual contém diferentes<br />

classes de células ganglionares, onde começa o processamento paralelo de informação<br />

apresentado pelo sistema nervoso. Os axônios das células ganglionares correm ao longo da<br />

superfície interna da retina e juntam-se para formar o nervo óptico. Sinais representando<br />

cores, movimento, forma e localização, por exemplo, são processadas simultaneamente em<br />

diferentes regiões do encéfalo. Em mamíferos, o nervo óptico projeta-se primariamente ao<br />

tálamo (particularmente o núcleo geniculado lateral), e daí para o córtex visual primário, no<br />

lobo occipital (Figura 1).<br />

Um dos tipos de células ganglionares denominado parvocelular (ou tipo P, por projetarse<br />

para a porção parvocelular do núcleo geniculado lateral, NGL), de menor tamanho,<br />

respondem por mais de 90% da população total de células ganglionares. Outro tipo,<br />

composto por células ganglionares maiores, é denominado magnocelular (ou tipo M, por<br />

projetar-se para a porção magnocelular do NGL), correspondendo, aproximadamente, a 8%<br />

da população. O restante é composto por células que não se enquadram nesta definição e<br />

por isso denominadas por alguns autores de células “não-M–não-P”. Esses diferentes<br />

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