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Livro CI 2008

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V Curso de Inverno<br />

Usando informações relativas às vias neuronais e neuroplasticidade, novas técnicas<br />

estão sendo desenvolvidas para o tratamento de distúrbios neurológicos. A estimulação<br />

encefálica profunda, transplantes (implantes) neuronais e cirurgias estereotáxicas vêm<br />

sendo empregados no tratamento de tremores e acinesia, presentes em distúrbios dos<br />

núcleos da base que envolvam deficiência de dopamina.<br />

A estimulação cerebral profunda usa estímulo de alta freqüência nos neurônios<br />

talâmicos para tratar o tremor da doença de Parkinson. Através de uma estimulação elétrica<br />

prolongada, inibe-se a descarga de um conjunto hiperativo de neurônios. A estimulação é<br />

modulada e direcionada por gerador - implantado na tela subcutânea na região torácica -<br />

que responde a estímulos externos. Apesar de suas vantagens, como a reversibilidade do<br />

procedimento, a estimulação tem alto custo, requer ajustes periódicos e tem risco de<br />

infectar.<br />

O transplante neuronal consiste em colocação de células produtoras de dopamina de<br />

um doador fetal, nos núcleos da base. Já o implante envolve a relocação de células suprarenais<br />

da própria pessoa, nos núcleos da base, para que sintetizem dopamina.<br />

Para alguns casos graves de tremor e acinesia, centros especializados em cirurgia<br />

estereotáxica destroem uma pequena região de células talâmicas ou do globo pálido,<br />

acarretando em melhoras funcionais ao eliminar populações celulares hiperativas. Entre as<br />

cirurgias irreversíveis mais utilizadas estão a talamotomia, a palidotomia e a estimulação do<br />

núcleo subtalâmico. A talamotomia interfere no núcleo intermédio ventral do tálamo e é a<br />

mais eficiente para o controle do tremor. Contudo, seus efeitos sobre os mecanismos<br />

geradores do tremor ainda não foram esclarecidos (sugere-se que esteja ligado à redução<br />

da atividade autônoma no tálamo e à interrupção das vias palidofugal e contralateral do<br />

cerebelo). Este procedimento não é recomendado bilateralmente pois, além da disartria que<br />

provoca em aproximadamente 25% dos casos, coloca em risco de alterações mentais<br />

persistentes. Se for preciso intervir bilateralmente, utiliza-se a estimulação cerebral profunda<br />

em pelo menos um lado.<br />

A palidotomia é eficaz para o tremor e também para alívio de outros componentes,<br />

como a oligocinesia, rigidez e discinesias. O alvo da cirurgia é a porção sensório-motora do<br />

globo pálido interno. A indicação geralmente é feita para pacientes com quadros avançados<br />

da doença e com complicações motoras causadas por fármacos agonistas dopaminérgicos.<br />

Seus riscos são os mesmos da talamotomia e podem ocorrer aumento de peso e leve<br />

distúrbio comportamental.<br />

A intervenção sobre o núcleo subtalâmico tem maior abrangência e possibilita<br />

melhoras de manifestações axiais da doença, relacionadas com suas eferências<br />

glutamatérgicas direcionadas ao pálido interno e à substância negra reticulata, que se<br />

conectam ao núcleo pedúnculopontino.<br />

Os procedimentos cirúrgicos são feitos preferencialmente em pacientes sem<br />

alterações cognitivas ou naqueles com mais de cinco anos de evolução da doença. Não há<br />

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