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Livro CI 2008

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V Curso de Inverno<br />

capacidade de digerir lactose, mas não notarmos que 98% de nossa amostra é aparentada<br />

entre si (irmãos, primos, sobrinhos, tios, etc) nossos resultados apresentarão um forte viés,<br />

uma vez que sabemos que tal traço é fortemente influenciado pela genética. Quando<br />

avaliamos espécies distintas temos um caso especial disso. Tal problema é mais grave<br />

quando avaliamos mais de duas espécies, pois as relações de parentesco podem ser mais<br />

complexas e hierarquicamente estruturadas em filogenias.<br />

FILOGENIAS<br />

Inferência filogenética pode ser definida como o estudo comparativo das espécies ou<br />

grupos de espécies com o intuito de inferir padrões de parentesco entre eles. A taxonomia,<br />

com seu caráter puramente classificatório de um mundo essencialista passou, com o<br />

advento da teoria de descendência com modificação, a transformar-se em sistemática<br />

filogenética e a ter como objetivo último entender a relação de parentesco entre as formas<br />

de vida ao longo do tempo evolutivo (Hunter, 1998). A Sistemática Filogenética, proposta por<br />

Willi Hennig na década de 1950, é o estudo filogenético de grupos aparentados com a<br />

finalidade de testar a validade de grupos naturais (monofilia) e sua taxonomia. Vários<br />

métodos de Sistemática Filogenética foram desenvolvidos dentre os quais o dominante<br />

atualmente é a Cladística. A representação básica de uma hipótese filogenética é o que<br />

chamamos de árvore filogenética composta de uma topologia (espécies ou grupos de<br />

interesse), ramos e nós (representam ancestrais hipotéticos). A cladística baseia-se em<br />

critérios de similaridade para propor estas árvores, mas não em similaridade absoluta e sim<br />

compartilhada por clados. Por exemplo, apesar de hienídeos parecerem com canídeos em<br />

termos gerais, existem características que apontam que hienas são membros do grupo dos<br />

felídeos e viverrídeos. Tais características (sinapomorfias) definem grupos monofiléticos<br />

(que possuem um ancestral comum) e são corroboradas por informação concordante<br />

proveniente de outros caracteres ou fontes de dados do conjunto de organismos em estudo.<br />

É importante sempre lembrar que uma filogenia é uma hipótese de parentesco e sempre<br />

pode mudar, conforme novas evidências surgem. A escolha de uma boa filogenia em que se<br />

irá trabalhar segue critérios de estabilidade de acordo com sua pouca ou nenhuma alteração<br />

após alguns anos de sua proposição.<br />

MÉTODOS FILOGENÉTICOS COMPARATIVOS<br />

Como já colocado, a estruturação hierárquica das espécies gera um certo grau de<br />

dependência (expresso na hipótese filogenética) que se deve ter em mente quando<br />

testamos hipóteses em abordagens comparativas. A pergunta é: devemos sempre nos<br />

preocupar com tal dependência? A resposta obviamente é não. Por exemplo, quando<br />

realizamos uma análise filogenética, levar em conta a dependência seria totalmente<br />

infrutífero, pois destruiria exatamente o propósito da análise, que é testar e corroborar<br />

exatamente estas relações de dependência. Outro exemplo são estudos biomecânicos,<br />

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