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Livro CI 2008

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Fisiologia do Comportamento<br />

mostraram que a experiência é traduzida em padrões distintos de atividade neuronal que<br />

influenciam a função e a conectividade dos neurônios relevantes. No sistema visual (e em<br />

outros sistema também) a competição entre aferências com diferentes padrões de atividade<br />

é um determinante importante na consolidação dos padrões de conectividade. Em um<br />

axônio aferente, padrões de atividade correlatos tendem a estabilizar as conexões. Quando<br />

padrões normais de atividade são rompidos (experimentalmente, em animais, ou<br />

patologicamente, em humanos) durante um período critico na infância, a conectividade no<br />

córtex visual é alterada, assim como a função visual. Se não é feita a manutenção destes<br />

padrões até o final do período critico, estas alterações estruturais da circuitaria nervosa<br />

dificilmente se restabelecem posteriormente.<br />

A conectividade nervosa estabelecida ao longo do desenvolvimento normal possibilita<br />

ao encéfalo armazenar vasta quantidade de informações que reflete a experiência especifica<br />

daquele individuo. Como esperado, a construção dessa conectividade que tanto influencia o<br />

desenvolvimento do sistema nervoso gera alterações maiores nos estágios iniciais de<br />

desenvolvimento. Assim, em um animal adulto, o sistema nervoso se torna gradativamente<br />

mais refratário a lições da experiência e o mecanismo celular que media as alterações da<br />

conectividade neuronal se tornam menos plásticos.<br />

Integração entre circuitos: o modelo de redes<br />

O conceito de que no córtex cerebral há domínios discretos dedicados mais ou menos<br />

exclusivamente a algumas funções cognitivas, tais como discriminação visual, linguagem,<br />

atenção espacial, reconhecimento de face, retenção de memória, memória operacional etc,<br />

tem sido questionado devido à falta de evidências conclusivas que o apoiem. Em seu lugar,<br />

modelos de redes neurais têm sido apresentados como uma alternativa mais coerente com<br />

as evidências disponíveis sobre seu funcionamento.<br />

Em 1949, Donald Hebb propôs que durante a aprendizagem neurônios estimulam<br />

outros neurônios, de tal forma que a atividade concomitante de ambos os conjuntos leva a<br />

um fortalecimento das sinapses entre eles, levando a alterações estruturais. De acordo com<br />

essa noção, essa alteração estrutural leva ao armazenamento da informação podendo<br />

explicar o fenômeno da memória. Este modelo postula que todas as representações<br />

cognitivas consistem em redes de neurônios cuja atividade foi associada pela experiência.<br />

Nesse contexto, pode-se assumir que memórias filogenéticas correspondem a redes que se<br />

consolidaram ao longo das gerações e não necessitam de experiência individual para serem<br />

funcionais, embora possam ser aprimoradas pela experiência individual. Tipicamente, um<br />

neurônio recebe informações de cerca de 10 4 neurônios e, por sua vez, projeta-se para<br />

outros 10 4 neurônios. Como o encéfalo humano contém pelo menos 10 11 neurônios, isto<br />

significa dizer que pelo menos 10 19 conexões sinápticas são formadas no cérebro; porém, a<br />

complexidade de seu funcionamento é evidentemente maior, em particular quando se<br />

considera os arranjos seqüenciais pelos quais uma informação pode viajar ao longo de<br />

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