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Livro CI 2008

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Cronobiologia<br />

distinguir estas duas possibilidades? Precisava-se, dessa forma, de critérios melhores para<br />

se acessar o oscilador através deste tipo de experimento.<br />

Para que uma estrutura possa ser definitivamente considerada como oscilador<br />

circadiano, ela deve obedecer a certos critérios (Moore-Ede et al.1982):<br />

- a oscilação deve persistir “in vitro”, ou seja, quando isolada de suas aferências e<br />

eferências;<br />

- quando transplantada, deve transferir os padrões de sua oscilação – período e fase<br />

– para o novo organismo.<br />

Em 1979, Zimmermann e Menaker demonstraram que a glândula pineal é o oscilador<br />

circadiano dos pardais, transplantando pineais entre indivíduos mantidos em condições de<br />

claro/escuro deslocados de 12h. Após o transplante, cada indivíduo passou a expressar<br />

atividade de acordo com a fase determinada pelo doador.<br />

Em 1972, os núcleos supraquiasmáticos (NSQ), localizados no hipotálamo, foram<br />

indicados como as prováveis estruturas que alojavam o oscilador circadiano, em ratos.<br />

Tendo dado prosseguimento aos experimentos de Richter, Stephan e Zucker identificaram<br />

essas estruturas no ponto final de lesões sucessivas do hipotálamo. Moore chegou à<br />

mesma estrutura por um outro caminho: através da marcação radioativa dos nervos que<br />

saíam da retina, em uma rota nervosa distinta daquela responsável pela visão, o trato retinohipotalâmico,<br />

o qual desemboca nos NSQs. Faltava, ainda, provar que os NSQs eram os<br />

osciladores circadianos utilizando aqueles critérios apresentados acima.<br />

Os NSQs são constituídos por dois conglomerados de células nervosas, designados<br />

NSQ direito e NSQ esquerdo. Nos ratos, foi estimado que cada NSQ contém,<br />

aproximadamente, 10.000 neurônios agregados em um volume de apenas 0.05 mm 3<br />

(Guldner, 1976).<br />

Em 1979, Inouye e Kawamura conseguiram isolar os NSQs “in vivo”, cortando todas<br />

as ligações neurais entre os NSQs e o restante do hipotálamo, construindo o que eles<br />

descreveram como “ilha hipotalâmica”. Nesse experimento, eles demonstraram a existência<br />

de ritmos circadianos na atividade elétrica detectada por eletrodos localizados na região<br />

hipotalâmica externa e interna aos NSQs antes do isolamento neural. Após este isolamento,<br />

a ritmicidade era evidenciada somente nos potenciais medidos pelos eletrodos internos,<br />

ficando a região externa arrítmica.<br />

A demonstração mais dramática dos NSQs como principais osciladores circadianos<br />

foi feita com o transplante de NSQs de hamsters “tau-mutantes” (que apresentam mutação<br />

no período circadiano, τ ≈ 20h) em hamsters selvagens (τ ≈ 24h). Os animais lesionados,<br />

que haviam ficado arrítmicos, passaram a apresentar ritmos de atividade-repouso com o<br />

período do doador mutante (Ralph et al, 1990)!!!<br />

A idéia de que os organismos possuem um único oscilador ou relógio circadiano<br />

anatomicamente definido permeou os primeiros passos da história da identificação dessas<br />

estruturas em espécies pertencentes aos diversos grupos vertebrados. Os NSQs, em<br />

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