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Livro CI 2008

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Fisiologia, Conservação e Meio Ambiente<br />

capacidade funcional do trato digestório resulta numa ineficiência da utilização dos<br />

nutrientes, sendo a outra parte da energia ingerida perdida nas fezes.<br />

O custo energético associado com a ingestão, digestão, absorção e assimilação de<br />

nutrientes, comumente denominado ação dinâmica específica, resulta num aumento de<br />

30-40% do consumo de oxigênio basal ou de repouso. Em animais que se alimentam<br />

esporadicamente, como cobras boas e pítons, a ação dinâmica específica pode elevar a<br />

taxa metabólica a valores até 40 vezes maiores do que o observado na condição basal.<br />

Esse grande aumento resulta da regulação de processos que incluem um aumento da<br />

atividade de enzimas, transportadores e secreções gástricas e um rápido crescimento de<br />

órgãos que atrofiaram no jejum, como intestino, estômago, coração, fígado, pulmões e rins<br />

(Willmer et al. 2000). A atrofia desses órgãos no jejum, quando estão em desuso ou<br />

funcionando a taxas reduzidas, e a rápida recuperação de sua estrutura e capacidade<br />

funcional após a retomada da alimentação são exemplos notáveis de plasticidade fenotípica.<br />

O jejum prolongado ocorre naturalmente nos animais que se alimentam<br />

esporadicamente, em geral carnívoros restritos, ou quando algumas atividades competem<br />

com a alimentação ou forrageamento, como na reprodução de pingüins e focas ou durante o<br />

cuidado com os ovos e com as crias. Em outros casos, o jejum prolongado está associado a<br />

condições ambientais desfavoráveis, como o frio ou calor intenso, seca, hipóxia ou anóxia, e<br />

os animais exibem comportamentos compensatórios como a migração, em algumas<br />

espécies de aves e peixes, ou a dormência sazonal, em mamíferos hibernantes e anfíbios e<br />

répteis estivantes. Animais adaptados ao jejum exibem uma gama de respostas fisiológicas<br />

e comportamentais que incluem uma fase de preparação em antecipação ao fenômeno.<br />

Como um padrão geral, há formação de grandes reservas de água e nutrientes,<br />

principalmente lipídios, cuja contribuição para o período de jejum excede a de outros<br />

substratos. Durante o jejum, a perda evaporativa de água é minimizada por uma redução<br />

acentuada da ventilação e por barreiras químicas ou físicas no tegumento, como a secreção<br />

de muco ou a permanência em abrigos, os quais reduzem o grau de exposição da superfície<br />

corpórea ao ambiente. A geração de energia através do catabolismo de e proteínas é<br />

reduzida, e a redução da taxa metabólica basal é dada por uma diminuição das freqüências<br />

cardíaca e respiratória, da taxa de filtração renal e da atividade muscular (Storey 2002). Em<br />

contraposição, em animais migratórios, como certas aves, o jejum se dá sob condições<br />

extremas de exercício e está associado à formação de grandes reservas lipídicas e de<br />

proteínas, que são catabolizadas a taxas elevadas durante o período de vôo (McWilliams &<br />

Karasov 2001). Ambos os fenômenos envolvem ajustes fisiológicos semelhantes em<br />

resposta ao jejum, embora a dormência corresponda a uma versão em “câmara-lenta” e a<br />

migração ao modo “acelerado”. A pronunciada depressão metabólica que acompanha a<br />

dormência representa, portanto, uma alternativa que reduz a demanda energética,<br />

diminuindo o impacto das alterações do meio e prolongando o tempo de sobrevivência dos<br />

animais.<br />

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