Livro CI 2008
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Fisiologia, Conservação e Meio Ambiente<br />
cerebral, (Secor 2005, Storey & Storey 1990, Pinder et al. 1992), assim como parece estar<br />
diretamente associado a importantes modificações nos processos bioquímicos em diversos<br />
tecidos (Hochachka & Somero 1984). Um dos ajustes metabólicos mais visíveis está<br />
relacionado com o acúmulo prévio de reservas energéticas em adição à redução da taxa<br />
metabólica, o que parece sustentar não somente a fase depressiva, mas também a<br />
retomada da atividade durante a re-hidratação (Pinder et al. 1992, Storey & Storey 1990.<br />
No Brasil determinadas espécies de anuros que se mantêm em atividade durante os<br />
meses de estiagem, adotam estratégias alternativas para evitar a perda excessiva de água<br />
neste período. A rã Corythomantis greening, possui a pele da cabeça co-ossificada, esse<br />
animal pode se esconder em pequenos refúgios como fendas em árvores e utilizar sua<br />
cabeça como proteção, uma espécie de tampa, na entrada do esconderijo, o que lhe confere<br />
proteção e auxilia secundariamente na economia de água, ela não se enterra, mas fica entre<br />
fendas nas rochas em estado hipometabólico (Jared et al. 2004). Já os sapos Chaunus jimi<br />
mantém suas atividades mesmo durante a seca, fato que pode estar associado à camada<br />
de grânulos de cálcio (Toledo & Jared 1993), que aparentemente, só não estão presentes na<br />
região dorsal próxima à virilha, local por onde os animais obtêm água do ambiente. Além<br />
disso, estes animais usualmente procuram proteção em microhabitats úmidos e são ativos<br />
apenas à noite quando a temperatura corpórea e as perdas de água são diminuídas (Abe<br />
1995). Alguns outros sapos, como os da espécie Proceratophrys cristiceps, se enterram<br />
durante o período de seca a profundidades que podem atingir mais de 1 metro (Navas et al.<br />
2004); contudo, não se sabe se conhece até o momento a natureza metabólica de tal<br />
comportamento. O fato é que para o sucesso dessa estratégia algumas variáveis físicas no<br />
solo são importantes como a temperatura, a quantidade de água, a concentração de gases<br />
respiratórios e o tipo de solo (Pinder et al.1992). Além disso, os animais enterrados no solo<br />
podem passar por estados sazonais de hipóxia, com conseqüentes implicações<br />
metabólicas. Estes animais devem exibir ajustes comportamentais que favorecem o<br />
aumento na captação da água através da pele (uma vez que anfíbios não bebem água), o<br />
que leva ao aumento do volume da bexiga, habilidade esta desenvolvida para sobreviver em<br />
condições desfavoráveis, quase sempre associadas a formação de uma capa (casulo) para<br />
proteção contra perda de água.<br />
Do ponto de vista celular, alguns mecanismos podem ser identificados na transição<br />
do estado ativo para o hipometabólico em anuros. Rana temporaria, por exemplo, apresenta<br />
uma redução na atividade de enzimas do metabolismo energético no músculo esquelético,<br />
mostrando uma reorganização da produção energética durante a depressão metabólica (St-<br />
Pierre & Boutlier 2001). Já em Bufo paracnemis a diminuição da temperatura corpórea<br />
associada a uma série de respostas fisiológicas à hipóxia contribui para a manutenção da<br />
homeostase do organismo durante a seca ou quando há escassez de alimento (Bicego-<br />
Nahas et al. 2001). Adicionalmente, é reconhecida a capacidade dos anfíbios de tolerarem a<br />
desidratação, chegando estes a suportar uma taxa de até 30% de perda de água do corpo,<br />
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