Livro CI 2008
Livro CI 2008
Livro CI 2008
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Termodinâmica e Complexidade em Sistemas Biológicos<br />
processo de transcrição e replicação por exemplo), uma medida como essa permitiria<br />
quantificar o nível de organização ou complexidade de um organismo.<br />
No entanto, alguns pesquisadores faziam criticas severas ao uso desta teoria em<br />
biologia evolutiva. Primeiro que, para o cálculo desta complexidade, as unidades de<br />
informação são arbitrárias, sendo que diferentes quantidades de informação serão obtidas<br />
dependendo do que se chama de unidade de informação. Um zigoto seria menos complexo<br />
que o Homem, pelo simples fato dele ser menor. Em segundo, quando se utilizam, por<br />
exemplo, proteínas constituintes como unidades de informação, calcula-se que a informação<br />
contida em um homem é de 5.10 25 bits. No entanto, outra critica curiosa e bem apropriada é<br />
que isto não pode ser levado em conta pelo fato de que tanto um homogeneizado de<br />
homem quanto um homem inteiro teriam a mesma quantidade de informação. Contudo, de<br />
todos os arranjos moleculares possíveis entre as moléculas que formam o Homem, apenas<br />
alguns podem formar um Homem vivo.<br />
Outra crítica que se coloca é a de que não se pode utilizar a teoria de Shannon, na<br />
qual se tem emissor, receptor e decodificador, para moléculas como o DNA, pois aqueles<br />
componentes não são aparentes em um sistema químico e, portanto, estes processos não<br />
carregam informação. Alem disso, a Teoria de Shannon não se preocupa com a veracidade<br />
ou com o significado da informação e, em sistemas biológicos, a qualidade da informação é<br />
tão importante quanto a quantidade de informação.<br />
Se há críticas por um lado, há, por outro, interesse na Teoria de Shannon. Segundo<br />
Maynard-Smith, se é possível transmitir informação por ondas elétricas, sonoras ou por<br />
eletricidade, por que não seria possível transmitir informação por meios químicos? Para ele,<br />
um dos grandes ganhos da teoria de Shannon é que a mesma informação pode ser<br />
transmitida por diferentes carreadores físicos. Engenheiros não usaram carreadores<br />
químicos justamente pela dificuldade de colocar ou tirar informação de meios químicos, uma<br />
dificuldade que segundo ele, os sistemas vivos conseguiram superar. É realmente difícil ver<br />
todos os elementos da teoria de Shannon no modelo de transcrição do DNA para RNA e da<br />
tradução deste RNAm para proteína. Se pensarmos na comunicação entre duas pessoas<br />
por código Morse, por exemplo, podemos identificar todos os elementos da figura 1, pois<br />
uma pessoa é a fonte da informação, existe o aparelho onde a mensagem será “digitada”,<br />
que é o transmissor, existe o meio de transmissão (eletricidade através de fios e cabos),<br />
existe o receptor, e o decodificador do código, que é o operador da maquina que recebe a<br />
mensagem. No entanto, é difícil imaginar uma decodificação de mensagem do RNAm para<br />
proteína, uma vez que o código não foi codificado por uma proteína para RNAm.<br />
Porém, nesse caso, Maynard Smith se utiliza de uma analogia que se estende por<br />
parte do artigo, que é da comunicação por código Morse. Neste caso, o codificador não é a<br />
maquininha que produz o sinal do código, e sim, a pessoa que converte significado em um<br />
encadeamento de fonemas, e que depois é convertido em código Morse. Já no exemplo do<br />
aparato celular de transcrição/tradução gênica, é a seleção natural. Por quê? Pelo simples<br />
121