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Livro CI 2008

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V Curso de Inverno<br />

O modelo “Efeito Base Fraca” consiste basicamente no fato de que a maioria dos<br />

antimaláricos são bases fracas dipróticas. Ao entrarem no compartimento ácido, essas<br />

bases fracas protonam devido a mudança drástica de pH. Uma vez protonadas, essas<br />

bases fracas ficam presas (“trapped”) dentro da organela, dado que o próton recém<br />

adquirido confere carga a essas moléculas, impedindo assim sua livre passagem pela<br />

membrana fosfolipídica.<br />

No entanto, não se sabe ao certo qual a ação desses antimaláricos dentro do<br />

compartimento ácido. A hipótese mais aceita é a de que esses antimaláricos seriam<br />

responsáveis pela inibição da formação de um polímero chamado hemozoína, proveniente<br />

da digestão completa da hemoglobina. Esse polímero é formado por componentes tóxicos<br />

para o parasita (derivados do grupo heme). Ao inibir a síntese do polímero, os antimaláricos<br />

supostamente causariam o acúmulo desses intermediários tóxicos levando assim à morte do<br />

parasita (Hänscheid et al, 2007).<br />

Apesar dessa hipótese ser largamente aceita, existem diversos dados que corroboram<br />

contra esse modelo, indicando que não há relação clara entre a inibição da hemozoína e a<br />

eficiência de um antimalárico. Além disso, a toxicidade desses intermediários é altamente<br />

questionável. Será que essas moléculas seriam realmente capazes de matar o parasita?<br />

Recentemente, foi reportado (Gazarini et al, 2007) que a droga cloroquina é capaz de<br />

quebrar a homeostasia de cálcio em P. chabaudi. Interessantemente, mostrou-se que, em<br />

parasitas permeabilizados, a cloroquina é capaz de promover a liberação de cálcio de<br />

estoques internos (Passos e Garcia, 1998). A quebra de homeostasia de cálcio poderia<br />

causar danos aos parasitas bem como uma quebra na sua sincronia, apresentando-se como<br />

uma forte hipótese para explicar os mecanismos envolvidos na ação dos antimaláricos.<br />

Qual seria então a relação desse segundo mensageiro com o alto grau de sincronia<br />

obtido pelo plasmódio dentro do hospedeiro? Inicialmente, a resposta fisiológica promovida<br />

pela melatonina, hormônio-chave para a modulação do ciclo claro-escuro, bem como de<br />

outros derivados de triptofano, é um aumento na concentração de cálcio citosólica.<br />

A liberação de cálcio a partir da adição de melatonina ocasiona um aumento de AMPc<br />

no parasita, ativando a enzima PKA. Esta via pode representar um papel relevante na<br />

diferenciação dos parasitas. Além disso, este processo também seria capaz de induzir uma<br />

nova liberação de cálcio do retículo endoplasmático, mantendo desta forma um looping de<br />

sinalização (Beraldo et al, 2005).<br />

Através do uso de diversos inibidores de cascatas enzimáticas, foi possível identificar<br />

que o aumento inicial de cálcio estava relacionado à via de sinalização mediada por IP-3,<br />

uma vez que, na presença de inibidores específicos dessa cascata enzimática, a melatonina<br />

e os derivados de triptofano induziam um aumento citosólico significativamente menor. Isso<br />

não foi observado para outras vias de sinalização como, por exemplo, na via mediada por<br />

receptores de rianodina.<br />

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