01.03.2015 Views

Livro CI 2008

Livro CI 2008

Livro CI 2008

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Cronobiologia<br />

para um sinal que será amplificado, perpetuado, e regulado (feedback) pelo próprio<br />

segundo mensageiro, em processos extremamente dinâmicos.<br />

O plasmódio, por ser uma célula eucariótica, é altamente dependente da sinalização<br />

mediada por cálcio. Especialmente durante sua fase eritrocítica, o parasita regula sua<br />

concentração intracelular de Ca 2+ (Garcia et al., 1996, Varotti et al., 2003; Gazarini, 2004).<br />

Um breve aumento na concentração citosólica de Ca 2+ , particularmente durante essa fase,<br />

pode ativar eventos de sinalização celular (Gazarini et al., 2003). Apesar da descoberta e<br />

identificação de diversos transportadores de cálcio no parasita, incluindo Ca 2+ -ATPases, sua<br />

distribuição de Ca 2+ livre intracelular bem como os mecanismos de homeostase do cálcio<br />

ainda não são completamente entendidos.<br />

O citoplasma do parasita mantêm uma concentração baixa de Ca 2+ livre (por volta de<br />

100 nM), semelhante às outras células eucarióticas. No entanto, a presença de baixas<br />

concentrações de Ca 2+ no meio extracelular é fatal para o protozoário, ou seja, o plasmódio,<br />

como qualquer outra célula eucariótica, necessita de altas concentrações de Ca 2+ no meio<br />

externo. Mas em sua fase intraeritrócitica, o plasmódio invade e se desenvolve dentro do<br />

eritrócito, uma célula eucariótica, que por sua vez apresenta concentrações muito baixas de<br />

cálcio em seu citosol. Como seria possível a sobrevivência do plasmódio em um meio tão<br />

inóspito?<br />

O parasita desenvolveu uma estratégia muito interessante para garantir sua<br />

sobrevivência no interior do eritrócito. No começo da fase eritrocítica, através de uma<br />

invaginação da membrana, o parasita penetra na célula do hospedeiro e cria um novo<br />

domínio dentro do eritrócito (chamado de vacúolo parasitóforo ou VP) através do uso da<br />

própria membrana que foi invaginada durante a invasão. Durante a invaginação, essa<br />

membrana é invertida, permitindo que o parasita seqüestre algumas das bombas de cálcio<br />

que estavam presentes nesse fragmento de membrana. Essas bombas fazem com que o<br />

cálcio seja bombeado do citosol do eritrócito para dentro do VP (tendo em vista que a<br />

membrana foi invertida), mantendo a alta concentração de Ca 2+ extracelular necessária para<br />

a sobrevivência do protozoário. (Gazarini et al., 2003). Assim, o parasita sobrevive em meio<br />

extracelular rico em cálcio embora se desenvolva dentro do eritrócito.<br />

As organelas intracelulares que servem como estoques de cálcio no Plasmodium são<br />

o retículo endoplasmático, a mitocôndria (Gazarini e Garcia, 2004) e compartimentos ácidos<br />

(Garcia et al, 1998). Existem evidências de que esses compartimentos ácidos são os<br />

vacúolos digestivos, onde ocorre a digestão da hemoglobina e o acúmulo de uma gama de<br />

drogas antimaláricas tais como a cloroquina.<br />

Os mecanismos de ação da maioria dos antimaláricos ainda são desconhecidos. As<br />

poucas evidências existentes indicam que o sítio de ação desses antimaláricos é o<br />

ácidocalcissoma (o compartimento ácido), dado que foi observado que essas drogas se<br />

acumulam nessa organela. Existe um modelo que hipoteticamente explica porque haveria<br />

esse acúmulo. Esse modelo é chamado de “Efeito Base Fraca”.<br />

173

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!