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Livro CI 2008

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V Curso de Inverno<br />

nos equipamentos eletrônicos.<br />

O primeiro aspecto pode ser evidenciado pelo estudo realizado por Leah Krubitzer<br />

(1998) sobre a estrutura cortical de gambás. O córtex de um gambá adulto normal exibe<br />

uma estrutura como a representada na Figura 9 (esquerda); se nos estágios fetais o animal<br />

é submetido à remoção parcial do córtex, seu córtex adulto exibirá estrutura bastante<br />

diferente da do gambá normal (Figura 9, direita). Isso mostra que estruturas relacionadas<br />

com determinados tipos de processamento podem assumir funções distintas (o animal<br />

lesado apresenta uma reorganização generalizada do sistema, não limitado a prejuízo no<br />

processamento visual). Assim, uma interpretação alternativa a dos correlatos anátomofuncionais<br />

obtidos dos estudos envolvendo lesões é de que o sistema lesado funcione de<br />

modo distinto, não limitado ao prejuízo naquela função.<br />

Figura 9 – Organização cortical de gambás adultos. À esquerda o córtex normal e à direita o<br />

córtex re-organizado após uma lesão fetal (modificado de Krubitzer, 1998).<br />

O outro aspecto é o uso de analogia entre funcionamento de equipamentos eletrônicos<br />

e o funcionamento dos sistemas de memória. Isso, em princípio, não é um problema; é<br />

simplesmente uma estratégia de estudo. A evolução dos modelos de memória parecem<br />

corresponder a evolução dos equipamentos eletrônicos, e.g., (1) modelo de conexões<br />

estímulo-resposta inspirada nas centrais telefônicas do início do século XX, (2) os modelos<br />

sobre tipos de memória, estocagem e recuperação da informação inspirados nos<br />

computadores dos anos 50-80 que também sofreram grande avanço e (3) computadores<br />

atuais estão muito mais flexíveis, com grande interação entre hardware e software. Um<br />

exemplo dessa questão, que pode ser apresentada como uma restrição ao entendimento do<br />

sistema nervoso ao avanço tecnológico dos computadores, é evidente nas palavras de<br />

Baddeley (1998): “por que não desenvolver computadores que são baseados em<br />

processamento paralelo, e estudar as capacidades desse sistema para aprender, lembrar e<br />

pensar?”. Talvez a analogia tenha assumido um outro papel que não inspirar / facilitar a<br />

comunicação, tornando-se uma “camisa-de-força” ao restringir o entendimento do fenômeno<br />

às características do sistema descrito na analogia.<br />

Apesar dessas limitações, é inegável que esse modelo é útil e pode gerar<br />

conseqüências práticas. Sabe-se que pacientes com a doença de Parkinson exibem sérias<br />

dificuldades em suas atividades rotineiras, em decorrência do prejuízo da memória implícita.<br />

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