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Livro CI 2008

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Evolução de Sistemas Fisiológicos<br />

Com poucas exceções, a pele dos anfíbios não protege o corpo da perda de água<br />

por evaporação através da pele, de forma que as espécies terrestres estão<br />

permanentemente sob risco de desidratação (Jorgensen, 1994; Pough et al. 1983; Toledo e<br />

Jared, 1993). Os animais desprovidos de mecanismos fisiológicos para redução da perda<br />

evaporativa de água são definidos como “típicos”, sendo notáveis por apresentar taxas de<br />

desidratação equivalentes àquelas de uma superfície de água livre de mesmo tamanho e<br />

forma exposta às mesmas condições ambientais (Wygoda, 1984). A partir da tomada dos<br />

valores de taxas de desidratação de muitas espécies, elucidou-se que as formas aquáticas e<br />

semi-aquáticas comportam-se como típicas. Da mesma forma, as espécies terrestres não<br />

dispõem em geral de mecanismos fisiológicos para redução da perda evaporativa de água<br />

(Shoemaker et al. 1972; Wygoda, 1984). Nesse sentido, as formas terrestres diferem das<br />

demais primariamente por apresentar maior tolerância a grandes perdas de água<br />

(Jorgensen, 1994; Shoemaker et al. 1972) e por evitar a desidratação por meios<br />

comportamentais (Shoemaker et al. 1972). Por outro lado, as espécies de hábito arborícola<br />

têm se revelado atípicas, de forma que, quando comparadas a gêneros terrestres e<br />

aquáticos ou semi-aquáticos, possuem taxas de perda de água que são, no máximo,<br />

metade das dos demais (Wygoda, 1984).<br />

Apesar do caráter incomum dos mecanismos que previnem a desidratação através<br />

do tegumento, a importância de baixas taxas de perda evaporativa de água foi descrita para<br />

uma série de anfíbios que ocorrem em ambientes de clima semi-árido. Em anuros do gênero<br />

Phyllomedusa, por exemplo, essas taxas aproximam-se daquelas apresentadas por répteis,<br />

sendo até duas ordens de grandeza menores do que em Bufo, Rana e Scaphiopus<br />

(Wygoda, 1984). Essa propriedade foi associada à produção, pela pele, de secreções<br />

impermeabilizantes, de natureza lipídica, que são espalhadas sobre a superfície dorsal e<br />

cabeça através de movimentos estereotipados das patas (Shoemaker et al. 1992;<br />

Shoemaker et al. 1975). De forma semelhante, secreções de natureza lipídica e protéica<br />

conferem aos hilídeos australianos Litoria caerulea e Cyclorana australis taxas de<br />

desidratação reduzidas (Christian e Parry, 1997).<br />

Na Caatinga brasileira, o hilídeo Corythomantis greeningi apresentou cerca de<br />

metade das taxas de perda evaporativa de água atribuídas a anuros típicos, uma<br />

propriedade possivelmente associada à alta densidade de glândulas da pele e à presença<br />

de sais de cálcio na derme (Navas et al. 2002). Especula-se que a camada dérmica<br />

calcificada presente em certos anfíbios, em particular naqueles mais terrestres, esteja<br />

associada à absorção ou retenção de água (Toledo e Jared, 1993). Adicionalmente, a<br />

presença de iridóforos na derme de racoforídeos dos gêneros Chiromanthis e Hyperolius<br />

parece ser responsável por reduzidas taxas de desidratação, uma vez que tais<br />

cromatóforos, ricos em cristais insolúveis de bases purinas, formam uma barreira à<br />

passagem de água (Kobelt & Linsenmair, 1986).<br />

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