17.05.2015 Views

isbn_aguardando

isbn_aguardando

isbn_aguardando

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

tencimento de classe à renda. No entanto, a mera classificação<br />

econômica e estatística por faixas de renda não explica<br />

rigorosamente nada. Daí que tenhamos tentado corrigir e<br />

criticar a expressão “nova classe média”, construída segundo<br />

este tipo de classificação superficial da realidade. Na verdade,<br />

a “classe média verdadeira” é uma das classes dominantes em<br />

sociedades modernas como a brasileira, porque é constituída<br />

pelo acesso privilegiado a um recurso social escasso de extrema<br />

importância: o capital cultural nas suas mais diversas<br />

formas (Sousa, 2012).<br />

A despeito da crítica, Sousa reconhece que a ênfase atribuída à<br />

chamada “nova classe média”, tanto por pelo governo brasileiro quanto<br />

pelo mercado, é também evidência da participação desse estrato social<br />

no desenvolvimento econômico do país nos últimos anos, fundamentado<br />

especialmente em uma perspectiva de mercado interno. Além disso,<br />

em termos políticos, o pesquisador enxerga esse estrato como a maior<br />

novidade no cenário brasileiro, mesmo considerando sua heterogeneidade<br />

em termos de composição e distinções regionais, capaz de abranger<br />

“desde pequenos empresários até trabalhadores super explorados e<br />

sem direitos sociais” (Sousa, 2012).<br />

Cabe lembrar que esses quatro cenários necessitam ser compreendidos,<br />

ainda, à luz de duas perspectivas conceituais de entendimento<br />

do multiculturalismo proposta por Lamo Espinoza (1995). Por um lado,<br />

o multiculturalismo como fato que supõe a convivência em um mesmo<br />

espaço social de pessoas identificadas com culturas variadas, e, por outro<br />

lado, o multiculturalismo como projeto político, com um sentido,<br />

portanto, normativo, de não-reforço ao etnocentrismo ou de redução à<br />

simples coexistência de culturas, mas como um caminho de respeito às<br />

identidades culturais e caminho para a convivência, fertilização cruzada<br />

e a mestiçagem cultural.<br />

No caso brasileiro, essas duas dimensões do multiculturalismo<br />

– como coexistência e como projeto – podem ser evidenciadas no chamado<br />

mito da democracia racial – traduzido no ideário de convivência<br />

e união pacíficas entre as três raças – branco, negro e índio – que formaram<br />

o país. Teoria que ganha popularidade nos escritos do sociólogo<br />

brasileiro Gilberto Freyre, a democracia racial opera no âmbito das relações<br />

sociais para escamotear o racismo, os conflitos e as desigualda-<br />

102

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!