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isbn_aguardando

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Neste artigo, porém, gostaria de complicar esse pressuposto sobre<br />

o que seria o conceito de “cultura” trazendo para a discussão a questão<br />

da visualidade, ou seja, da imagem visual como detentora, produtora<br />

e reprodutora de signos e significados culturais. Essa visualidade está<br />

cada vez mais presente, a ponto de alguns autores chamarem esta nossa<br />

sociedade contemporânea de “sociedade imagética” (Santarella; Nöth,<br />

2010), argumentando que ela se constitui, em grande parte, por meio de<br />

uma “cultura da aparência” 3 .<br />

Em linhas bem gerais, tais conceitos procuram indicar o que alguns<br />

autores percebem como um predomínio da imagem e, portanto,<br />

da aparência, nas maneiras de ser da nossa sociedade contemporânea<br />

(Baudrillard, 2007; Bauman, 2008; Harvey, 1990; Lipovetsky, 2005), bem<br />

como nos comportamentos dos sujeitos que habitam esta sociedade.<br />

Isto se manifestaria, por exemplo, no bombardeamento cotidiano de<br />

imagens – inclusive de imagens de mercadorias (como expõe David<br />

Harvey (1990) e, até, de pessoas-como-mercadorias-para-serem-vistas,<br />

como nos casos do culto às celebridades e também dos selfies – a que<br />

nos expomos, e somos expostos, o tempo todo. E se manifestaria também<br />

na sempre crescente preocupação de mulheres e homens com<br />

imagem pessoal, aparência e, por que não dizê-lo?, beleza (Baudrillard,<br />

2007; Bauman, 2008; Jones, 2010; Tungate, 2011).<br />

Nossa pesquisa vem discutindo tais questões a partir de um olhar<br />

sobre imagem pessoal e aparência em empresas transnacionais do ramo<br />

de cosméticos e afins, onde essas questões aparecem duplamente: são<br />

empresas produtoras de aparência, e nelas, internamente, e talvez mais<br />

do que em outros segmentos, a questão da aparência se coloca de modo<br />

particularmente forte. Por um lado, porque esse setor vem se internacionalizando<br />

cada vez mais e vem ganhando força, mais marcadamente,<br />

no grupo Brics. No Brasil, na Rússia, na Índia e na China, a indústria da<br />

aparência é uma das que mais rapidamente crescem, ano após ano: na<br />

China e Índia, por exemplo, o crescimento vem atingindo cerca de 20%<br />

ao ano; Rússia e Brasil crescem em torno de 10% ao ano.<br />

Por outro lado, porque, para quem trabalha no setor, a aparência<br />

pessoal é fundamental: afinal, está-se representando não somente a si<br />

3<br />

Cf. Bauman (2008), Harvey (1990) e Lipovetsky (2005).<br />

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