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isbn_aguardando

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Dentro desse quadro, Henri Amblard et al. (2005, p. 135) esclarecem que,<br />

“na linguagem corrente, traduzir remete a uma operação que consiste<br />

em transformar um enunciado inteligível em outro enunciado inteligível<br />

para tornar possível a compreensão do enunciado inicial por um terceiro”.<br />

Acrescentam então que Latour e Callon utilizam uma ideia de<br />

tradução que se inscreve no quadro dessa definição geral, mas alargam<br />

a concepção ao chamarem a atenção para o fato de que “a operação [de<br />

tradução] não concerne necessariamente à passagem de uma língua a<br />

outra, mas a toda forma de recomposição de uma mensagem, de um<br />

fato, de uma informação”. Assim, a tradução é pensada como uma ação<br />

que permite “estabelecer um vínculo inteligível entre atividades heterogêneas”<br />

(Callon, apud Amblard et al., 2005, p. 136).<br />

Herreros (2008) ressalta que nesta ação há frequentemente um<br />

deslocamento de sentido. De certa forma, Barbosa (2002) faz referência<br />

a este deslocamento de sentido. Ela adverte para a tendência da lógica<br />

pragmática, esquemática e triunfalista da gestão da diversidade, entendida<br />

como uma tecnologia gerencial própria da cultura transnacional<br />

de negócios, neutralizar o potencial contestador dos movimentos multiculturais,<br />

numa tentativa de domesticá-los e transformá-los em algo<br />

palatável para as organizações. Poderíamos dizer então, reformulando<br />

o argumento de Lívia Barbosa nos termos de Callon e Latour, que aquilo<br />

que se apresenta inicialmente como um movimento político (as lutas<br />

por reconhecimento de identidades específicas), ao ser traduzido pelas<br />

empresas sofre um deslocamento de sentido que o empobrece, reduzindo-o<br />

a uma tecnologia administrativa: a gestão da diversidade.<br />

Para entender esse processo é preciso levar em consideração outras<br />

duas ideias constitutivas do argumento de Lívia Barbosa. A primeira<br />

se refere ao fato de que a produção, circulação e recepção da cultura<br />

transnacional de negócios é operada por alguns agentes. Dentre eles,<br />

destacam-se: as corporações transnacionais; as escolas de negócios, sobretudo<br />

as estado-unidenses; a bibliografia especializada, isto é, livros e<br />

periódicos de administração; o jornalismo dedicado ao mundo empresarial;<br />

os consultores e os promotores de eventos e seminários dirigidos<br />

aos executivos globais, com presença dos gurus do mundo do management.<br />

A segunda se refere à sua advertência de que a cultura transnacional<br />

de negócios é ressignificada quando se desloca do seu ponto de<br />

irradiação, hoje situado na sociedade estado-unidense, para outros con-<br />

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