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do trabalho traduzindo as demandas desse movimento nos termos de<br />

uma linguagem empresarial, recorrendo para isso a uma metodologia<br />

administrativa que faz parte do arquivo de tecnologias gerenciais que<br />

circula na cultura transnacional de negócios: a gestão da diversidade.<br />

Seja como for, a compreensão dessa história, como também de todas as<br />

histórias, depende do lugar a partir do qual a lemos. Como um antropólogo<br />

que reivindica uma postura engajada, que comporta ao mesmo<br />

tempo o combate ao racismo (incluindo o racismo sistêmico, relativo<br />

às desigualdades raciais que se reproduzem independente de intenções<br />

racistas); a defesa do caráter incontornável das ações afirmativas nesse<br />

combate; e a valorização da diversidade como uma riqueza cultural da<br />

humanidade, gostaria de lançar uma provocação final.<br />

Diferentemente do que sugere a professora Maria Tereza Leme<br />

Fleury (2000) na passagem posta em epígrafe no começo deste artigo,<br />

bem como grande parte da literatura sobre diversity management, não<br />

considero que as iniciativas de diversidade das empresas que operam no<br />

Brasil avançarão principalmente se elas perceberem que a sua adoção<br />

pode adicionar valor ao negócio. Ou seja, se elas se conscientizarem de<br />

que a diversidade cultural é um capital simbólico e comunicacional. Não<br />

nego que esta via seja possível, nem que seja necessariamente condenável.<br />

Sei que este capital simbólico e comunicacional pode mesmo ser<br />

convertido em capital econômico. Mas não estou convencido de que a<br />

gestão da diversidade esteja necessariamente associada à conquista de<br />

vantagem competitiva, dentre outras razões porque podemos indagar<br />

em que se assentaria esse diferencial se todas as empresas adotarem tal<br />

metodologia administrativa.<br />

Seja como for, ancorado nas ponderações do professor Kabengele<br />

Munanga, também dispostas em epígrafe no início, chamo a atenção<br />

para o fato de que, do complexo jogo da diversidade nas organizações<br />

fazem parte também o Estado e os movimentos sociais. Assim, mesmo<br />

que as empresas não vejam como agregar valor ao negócio por meio<br />

das suas iniciativas de diversidade, elas talvez sejam obrigadas a implementá-las,<br />

de forma tanto mais consistente quanto mais incisivas forem<br />

as pressões da sociedade civil, ou quanto mais contundentes forem os<br />

marcos regulatórios das políticas públicas relativas ao combate ao racismo,<br />

ao sexismo, à homofobia e a outras formas de intolerância no<br />

ambiente de trabalho.<br />

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