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empregar práticas que remontam ao astroturfing para simular um apoio<br />

da sociedade civil para suas atividades (Snowdon, 2013).<br />

Apesar do crescente reconhecimento mundial, poucos casos de<br />

astroturfing ganharam notoriedade no Brasil. Um dos primeiros registros<br />

no país foi o episódio “Eu sou da Lapa”, ocorrido no Rio de Janeiro, em<br />

2005, que consistia em um suposto movimento popular para revalorização<br />

daquele bairro carioca. Ele foi criado, entretanto, por uma agência<br />

de publicidade contratada por uma construtora em vias de lançar um<br />

empreendimento imobiliário no bairro (Silva, 2013). Tal ação objetivava<br />

simular uma manifestação a favor da Lapa para aumentar a busca pelos<br />

imóveis da construtora, e consistia em personalidades locais contratadas<br />

como porta-vozes do suposto movimento e na criação de um site e<br />

de uma comunidade no Orkut, bem como na distribuição de materiais e<br />

brindes como camisetas e adesivos. Durante o mês de outubro daquele<br />

ano, o “Eu sou da Lapa” tomou as ruas do Rio de Janeiro dizendo ser um<br />

movimento da sociedade civil que estava se espalhando pela cidade.<br />

Terminada a ação, a agência responsável pelo caso o inscreveu no<br />

Prêmio Aberje, realizado pela Associação Brasileira de Comunicação<br />

Empresarial. Ao descrever as estratégias empregadas, a agência afirmou<br />

ter criado “um movimento popular, usando a ferramenta de astroturfing<br />

(ações publicitárias que parecem iniciativas espontâneas)”<br />

(Silva, 2013), revelando a natureza artificial da ação. Tal revelação,<br />

porém, não gerou uma repercussão negativa, evidência do desconhecimento<br />

sobre a prática no país – ao contrário, o caso foi finalista da<br />

etapa regional do Prêmio Aberje.<br />

Apenas recentemente denúncias sobre a utilização do astroturfing<br />

foram tratadas por veículos importantes de comunicação no país, principalmente<br />

devido à controvérsia envolvendo a revista Veja no episódio<br />

“#VejaBandida”. No dia 18 de abril de 2012, um tuitaço contra a Veja colocou<br />

a expressão #VejaBandida como o segundo item da lista dos assuntos<br />

mais comentados do mundo no Twitter, chamando a atenção de<br />

veículos da imprensa (Silva, 2013). A edição de 16 de maio de 2012 da<br />

Veja, porém, trazia uma matéria abordando o caso e denunciando que a<br />

manifestação era, na verdade, um astroturfing orquestrado pela esquerda<br />

e pelo Partido dos Trabalhadores – o termo astroturfing é explicado<br />

como a tentativa de “passar a impressão de que existe uma multidão a<br />

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