17.05.2015 Views

isbn_aguardando

isbn_aguardando

isbn_aguardando

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Pensar o ativismo no início deste século XXI implica falar de um conceito<br />

em movimento. As práticas sociais mudam de forma significativa<br />

com o passar dos anos, o que desencadeia muitas vezes novas<br />

percepções e significações sobre o acervo de conceitos que constitui<br />

nosso saber. Nos anos recentes, lutas sociais movimentaram um número<br />

significativo de indivíduos, em diferentes lugares, a exemplo da Primavera<br />

Árabe, do 15 M, na Espanha, do movimento Occupy, nos Estados Unidos,<br />

com extensão e redes de solidariedade em diversos outros países e, no<br />

Brasil, as Jornadas de Junho de 2013. Um ponto em comum entre os movimentos<br />

mencionados é o uso da internet e das tecnologias de informação<br />

e comunicação para articulação entre os ativistas, o que reforça o vínculo<br />

entre comunicação e as lutas sociais contemporâneas.<br />

Fábio Malini e Henrique Antoun (2013) afirmam que as novas<br />

formas de ativismo surgem precisamente de uma relação com a comunicação.<br />

Referem-se ao Independent Media Center (IMC), criado em<br />

1999 para realizar uma cobertura independente dos protestos contra a<br />

Organização Mundial do Comércio em Seattle. O movimento lança mão<br />

da internet para tal cobertura e os resultados da ação, pontuam os autores,<br />

são novos rumos para o jornalismo e para o ativismo. O movimento<br />

postula a internet e a máquina não como sujeitos das transformações,<br />

mas sim seus usos e suas apropriações, capazes de desenvolver novas<br />

potencialidades ao sistema, segundo Malini e Antoun, 2013, p. 139). Aí<br />

teríamos então os pilares de uma forma de ativismo, que não apenas<br />

contrapõe a internet às velhas mídias, mas inventa atividades para fazer<br />

desse novo meio uma nova mídia, de acordo com os autores.<br />

Programando os softwares da CMC [comunicação mediada<br />

por computador] como novos instrumentos para o pensamento<br />

e a ação, o novo ativismo integrou na internet seu<br />

olho, suas imagens, seu ouvido, suas sonoridades, sua boca,<br />

suas falas, sua pele, seus contatos, sua memória e suas conexões,<br />

até construir uma teia comunitária tornando o corpo<br />

apto a viver no ciberespaço. Através da prática da ação direta,<br />

fez da CMC um lugar de percepção, afeto e atividade para<br />

as novas comunidades virtuais. Formadas de modo autopoético,<br />

sob um modo de governo anárquico, as comunidades<br />

virtuais transformaram a organização política das manifestações<br />

de protesto (Malini; Antoun, 2013, p. 139).<br />

118

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!