17.05.2015 Views

isbn_aguardando

isbn_aguardando

isbn_aguardando

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

tentes: como falar, o que dizer, como se portar, como se movimentar etc.<br />

Todos esses elementos juntos compõem o conceito de cultura para essa<br />

teoria da prática: é uma cultura criada e produzida pelos sujeitos nas<br />

suas próprias práticas, sem precisar necessariamente recorrer ao nível<br />

do discurso ou da consciência.<br />

O que esse referencial permite pensar é que todas as nossas<br />

ações são ações que se passam primordialmente no nível da materialidade,<br />

dos corpos, e não do discurso, da fala. Fazemos o que fazemos,<br />

em grande parte, porque o fazemos sem pensar e sem dizer. Os significados<br />

culturais estão implícitos e ocultos. É aqui que entra a questão<br />

da imagem nessa visão de cultura: para Bourdieu, o habitus é manifestamente<br />

visual, ele (e, portanto, a cultura à qual pertence) pode ser<br />

visto pelos outros antes que seja entendido ou explicado, nos modos<br />

como nos colocamos e colocamos nossos corpos no mundo, nas nossas<br />

relações com os outros. É por isso que a visualidade importa tanto<br />

para se pensar cultura: porque vemos a cultura incorporada nos outros<br />

tanto quanto a entendemos e falamos.<br />

UM OLHAR A PARTIR DO GRUPO BRICS<br />

Esboço aqui algumas conclusões preliminares para pensar interculturalidade,<br />

imagem e aparência.<br />

O que significaria “interculturalidade” se o conceito de cultura<br />

utilizado fosse esse que delineamos acima? Com certeza, teríamos que<br />

lidar, diretamente, com os diálogos que se travam por meio da imagem<br />

pessoal, da aparência, do corpo. Seria uma visão de interculturalidade<br />

fundada na materialidade dos sujeitos, voltada para como eles e elas se<br />

portam, se movimentam, se apresentam visualmente. Os sinais e significados<br />

seriam visuais, mais que conversacionais.<br />

E com qual tipo de noção sobre interculturalidade teríamos que<br />

lidar para avançar a compreensão de como ela se dá numa sociedade<br />

que chamamos de “imagética”, centrada numa cultura da aparência, da<br />

imagem pessoal e numa crescente importância atribuída à “boa aparência”<br />

e, até, à beleza? Ora, teríamos que pensar, nesse sentido, interculturalidade<br />

como se constituindo, prioritariamente, pelos modos como<br />

os indivíduos buscam melhorar sua aparência para potencializar sua<br />

apresentação ao outro. Porém, num mundo globalizado onde homoge-<br />

163

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!