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isbn_aguardando

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informação e pautados na existência de um sujeito monológico. São tratadas,<br />

assim, em textos muitas vezes dotados de um viés funcionalista,<br />

preocupados apenas com intencionalidades e consequências daquelas<br />

técnicas. Porém, perspectivas deterministas – nas quais a comunicação<br />

é encarada como um fenômeno dominado pela linearidade – apresentam<br />

limitações sensíveis quanto à capacidade de compreender os fenômenos<br />

para além das generalizações sobre suas causas e consequências.<br />

A linearidade pela qual o processo é abordado se torna especialmente<br />

limitadora das compreensões sobre o fenômeno ao relegar os públicos<br />

a um papel de espectadores, presumindo-os como um grupo apenas<br />

afetado por aquela prática, uma instância passiva. Ignora-se que é<br />

na interação social que sentidos e significados se constituem, e que não<br />

é possível, assim, adotar uma perspectiva determinista sobre a prática<br />

sem considerar os diferentes aspectos relacionais envolvidos no processo.<br />

Não podemos considerar os públicos como um elemento secundário<br />

e ignorar as diferentes interações da sociedade, sob o risco de não<br />

apreender questões fundamentais sobre o astroturfing, questões essas<br />

que o constituem e marcam como uma prática social. Uma dimensão<br />

essencial do fenômeno que é sistematicamente deixada de lado por essas<br />

análises e que nos chama a atenção é a possibilidade de mobilização<br />

efetiva dos públicos a partir daquela prática.<br />

Louis Quéré (1991) aponta a existência de outro grande modelo<br />

de comunicação atualmente: o praxiológico, reconhecido como uma<br />

perspectiva relacional da comunicação. Nessa perspectiva a comunicação<br />

deixa de ser vista como transmissão de informações entre emissores<br />

e receptores para adquirir contornos de ação conjugada de modelagem<br />

do mundo, uma “atividade organizante da subjetividade dos homens e<br />

da objetividade do mundo” (França, 2003, p. 7). Também não se trata<br />

mais de um sujeito monológico, mas, sim, de interlocutores em interação,<br />

marcados pelo contexto envolvido na situação.<br />

Importante observar que esses dois modelos não são propostas de<br />

classificação das práticas, mas, sim, de classificação do modo de ver os<br />

fenômenos. Apesar de as práticas de propaganda e manipulação serem<br />

normalmente pensadas como algo informacional, não há uma prática essencialmente<br />

informacional, e sim um olhar informacional sobre ela, sendo<br />

um raciocínio equivalente válido para a perspectiva relacional. O que<br />

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