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“eu” que queremos transmitir ao outro quando nos relacionamos com<br />

ele. Essa representação dessa aparência, por sua vez, serve para melhor<br />

controlarmos o fluxo de nossas interações sociais, direcionando-os para<br />

que comuniquem exatamente aquilo que pretendemos. Nem mais, nem<br />

menos, mas exatamente aquilo que queremos transmitir. E esses modos<br />

de apresentarmos, representando, exatamente a aparência “certa” para<br />

a situação “certa”, operam, nos termos de Goffman, como papeis sociais<br />

que representamos na construção da imagem desse eu que queremos<br />

passar ao outro, como se a vida social funcionasse tal qual um teatro de<br />

interações entre diferentes imagens pessoais.<br />

Já o antropólogo Daniel Miller (2013) oferece outra interpretação<br />

sobre a importância que a aparência pessoal pode ter para os sujeitos de<br />

uma cultura específica. Preocupado com o que considera uma incompreensão,<br />

da parte dos antropólogos e dos acadêmicos em geral, acerca<br />

da importância que questões como roupas, moda, beleza e a imagem<br />

pessoal têm para indivíduos concretos, e preocupado, mais ainda, com<br />

as maneiras pelas quais muitos autores desmerecem tais questões como<br />

“superficiais” e, portanto, como pouco “sérias” e “importantes” para a<br />

compreensão da vida social, Miller vem, há anos, desconstruindo o que<br />

percebe como uma crítica moral, e incorreta, do consumo e do apego<br />

das pessoas às “coisas”, ou seja, aos objetos que as rodeiam e por meio<br />

das quais constroem suas vidas (Miller, 2001).<br />

Em seus estudos mais recentes, o antropólogo vem se debruçando,<br />

dentre outras temáticas, sobre os modos como diferentes culturas se<br />

relacionam, por exemplo, com a moda, o vestuário e a “produção do “eu”<br />

por meio dos objetos que compõem a cultura da moda e/ou do vestuário.<br />

Discorrendo sobre por que pessoas de diferentes culturas se preocupam<br />

com supostas “futilidades” como roupas e sapatos, Miller (2013)<br />

demonstrou que julgar criticamente aquilo que se pode chamar de uma<br />

“cultura da aparência” – ou seja, o fato de, numa determinada cultura,<br />

a construção da própria aparência ser tratada como foco central das<br />

relações sociais – é, pura e simplesmente, um erro conceitual e analítico.<br />

Isto porque, diz ele, se estaria desconsiderando, e deixando de<br />

compreender, um dos aspectos mais fundamentais das culturas humanas.<br />

A aparência, a imagem pessoal, diz Miller (2013), importam para<br />

praticamente todas as culturas, e por dois motivos principais. Primeiro,<br />

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