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global, as composições identitárias tendem a se reformular e se afirmar<br />

numa perspectiva propriamente transnacional”, sem que deixemos de<br />

considerar a esfera do local.<br />

Esse transnacionalismo relaciona-se também com a transculturalidade,<br />

que pode ser entendida como “o conjunto de processos simbólicos<br />

que possibilitam o compartilhamento e espaços culturais globais”<br />

(Elhajji; Zanforlin, 2009, p. 11), nos quais possam ser fixados os referenciais<br />

identitários e mapas subjetivos provisórios ou permanentes.<br />

Encontramo-nos, portanto, diante de um cenário em que o território<br />

passa a ser compreendido muitas vezes como multiterritorializado<br />

e em que as vivências e a construção identitária se dão não apenas a<br />

partir das relações com a comunidade ligada a um lugar bem definido<br />

no contexto geográfico. Para essa vivência transnacional não é necessário,<br />

como se poderia pensar, que os indivíduos tenham a possibilidade<br />

de viajar e locomover-se por vários e diferentes lugares. A própria experiência<br />

mediada pelas tecnologias de informação e comunicação permite<br />

que se experimentem ambientes de interação sem um lugar físico<br />

como materialidade e que colocam o indivíduo “conectado” em contato<br />

com pessoas com diferentes marcas de lugar e permitem que se vivencie<br />

o contato com o outro, independentemente da distância em que esse<br />

outro esteja. Na perspectiva de Ortiz (2000, p. 8), “somos todos cidadãos<br />

do mundo, mas não no antigo sentido, de cosmopolita, de viagem.<br />

Cidadãos mundiais, mesmo quando não nos deslocamos, o que significa<br />

dizer que o mundo chegou até nós, penetrou nosso cotidiano”.<br />

Para alguns autores, experiências como esta são concebidas e<br />

descritas no marco da “desterritorialização”. Já para Rogério Haesbaert<br />

(2010, p. 20), desterritorialização significaria o fim dos territórios, o que<br />

considera paradoxal porque, como explica, o próprio conceito de sociedade<br />

implica sua espacialização e não haveria como definir o indivíduo,<br />

o grupo, a comunidade, a sociedade, sem inseri-los em um contexto geográfico<br />

territorial.<br />

Na crítica que faz da ideia de desterritorialização, Haesbaert<br />

elenca alguns fatores que considera básicos na discussão: para o autor,<br />

geralmente não há uma definição clara de território nos debates sobre<br />

desterritorialização; o termo aparece como algo dado, com sua historicidade<br />

ignorada. Além disso, a desterritorialização é vista pelo autor<br />

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