17.05.2015 Views

isbn_aguardando

isbn_aguardando

isbn_aguardando

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Revisitamos aqui essas cinco condições relacionadas pelo autor,<br />

por se manterem como referenciais epistemológicos relevantes para incorporar<br />

o debate multicultural a contextos organizacionais (Cogo, 2000):<br />

a) Considerar o papel crescente desempenhado por três instâncias:<br />

as individuais, que dizem respeito à realização pessoal, à<br />

interioridade e às subjetividades; as socioculturais, conformadas<br />

por valores, por estilos de vida e pela esfera privada; e as<br />

reivindicações identitárias, orientadas pela necessidade de reconhecimento<br />

e afirmação de especificidades;<br />

b) Reconhecer que o espaço multicultural é, antes de tudo, um<br />

espaço de sentido, uma semiosfera em que a circulação dos símbolos<br />

é tão importante quanto a circulação dos bens materiais.<br />

Frente a isso, as reivindicações, as identidades ou os valores<br />

exigidos pelos grupos ou pelas minorias não devem ser considerados<br />

apenas como dados sociais objetivos, historicamente<br />

fundados e estabilizados. A pertinência da noção de “dado objetivo”<br />

deve ser questionado em um contexto “dominado pelas representações,<br />

as perspectivas individuais e as tendências, e em<br />

que as identidades e as fronteiras dos grupos se negociam, se<br />

fazem e desfazem, em um processo eminentemente dinâmico e<br />

interativo” (Semprini, 1997, p. 106) 6 ;<br />

c) Assumir que, em um contexto multicultural, não há um<br />

único espaço social, mas tantos espaços quanto as percepções<br />

derivadas de diferentes grupos. As atitudes e os comportamentos<br />

dos indivíduos estão amplamente ligados às suas<br />

interpretações do espaço social. É a tomada de consciência<br />

dessas interpretações – o que não implica sua aceitação –<br />

que pode assegurar a credibilidade e, portanto, a eficácia<br />

de propostas ou reformulações. A importância assumida<br />

pelo sentido e da subjetividade impossibilita qualquer modelagem<br />

do espaço multicultural que não seja elaborada ou<br />

considere a perspectiva dos atores sociais envolvidos. Assim,<br />

um espaço multicultural não poderia ser “decretado” por decisões<br />

políticas ou circulares administrativas. Como enfatiza<br />

Semprini (1197, p. 106), “a mutação individualista e sociocultural<br />

do espaço público torna essa solução ‘dirigista’ imprati-<br />

6<br />

Cabe lembrar o papel relevante desempenhado pelas mídias nesse contexto<br />

dominado pelas representações.<br />

104

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!