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sociólogo alemão leva em conta um nexo entre os movimentos sociais e<br />

a rede cotidiana de atitudes morais e emotivas.<br />

É neste contexto que propõe um conceito de luta social como<br />

um processo prático, no qual as experiências individuais de desrespeito<br />

seriam interpretadas como “experiências cruciais, típicas de um<br />

grupo inteiro, de forma que elas podem influir, como motivos diretores<br />

da ação, na exigência coletiva por relações ampliadas de reconhecimento”<br />

(Honneth, 2003, p. 257).<br />

Honneth delega, portanto, ao reconhecimento um lugar importante<br />

na luta social. De acordo com o autor, o reconhecimento abre novas<br />

possibilidades de identidade, e por isso a luta pelo reconhecimento<br />

social dessas identidades seria necessária. Inspirado em George H.<br />

Mead e Georg Simmel, ele identifica três esferas do reconhecimento: a)<br />

amor; b) direito; c) estima social/solidariedade. Mas nem todas teriam<br />

possibilidade de desencadear uma luta social. Esta só se dá quando os<br />

objetivos da luta se generalizam para além das intenções individuais e<br />

se tornam a base de um movimento coletivo. Ao contrário do amor, que<br />

se confina a um círculo primário de relacionamento, o direito e a estima<br />

social/solidariedade representam um quadro de conflitos sociais<br />

justamente porque funcionam conforme critérios socialmente generalizados,<br />

abertos para universalizações sociais.<br />

Assim, os motivos de resistência social e de rebelião se formariam<br />

em um quadro de experiências morais e de expectativas de reconhecimento,<br />

ligadas às condições de formação da identidade social. O sujeito<br />

sabe quando é respeitado, mas se a expectativa de respeito for desapontada<br />

pela sociedade, ele experimenta o sentimento de desrespeito.<br />

Trata-se de uma experiência individual, mas que pode tornar-se a base<br />

da resistência coletiva quando o sujeito é “capaz de articulá-los [os sentimentos<br />

de desrespeito] num quadro de interpretação subjetivo que os<br />

comprova como típicos de um grupo inteiro” (Honneth, 2003, p. 258).<br />

Por isso o surgimento de movimentos sociais, como explica o autor, depende<br />

da existência de uma ponte semântica, que permita interpretar<br />

as experiências de desapontamento pessoal como algo que afeta não<br />

apenas um único sujeito, mas com potencial para afetar muitos outros<br />

indivíduos de seu círculo de relações.<br />

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